9.10.16

POR QUE MORO NÃO PRENDEU AINDA LULA ? A BIZARRA ENTREVISTA DE TEMER À JOVEM PAN

Por PAULO NOGUEIRA - Via DCM -

Por que Moro não prendeu ainda Lula?

É evidente que este é o objetivo supremo na Lava Jato.

A resposta é mais simples do que muitos suporiam: medo. Sim, medo.

Moro é valente. Mas não é louco.

A grande questão é: o que aconteceria caso Lula fosse preso? Uma convulsão social, talvez?

Lembremos a reação à ordem coercitiva para que Lula depusesse. Seguiu-se um caos. A militância lulista foi às ruas.

Moro piscou. De lá para cá, para piorar as coisas para ele, Moro perdeu muito de seu prestígio como justiceiro. Acabou-se o que parecia ser uma unanimidade na crédula, conservadora classe média brasileira. O homem de ferro não foi capaz nem de lidar com Claudia Cruz.

A verdade é que ninguém sabe as consequências que viriam da prisão de Lula.

O governo Temer já é suficientemente frágil para suportar um levante nas ruas em nome da liberdade de Lula.

Provavelmente cai. E com ele Moro e a Lava Jato como os conhecemos.

Daí a relutância, o cuidado com o caso Lula.

Numa palavra, é paúra.

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A bizarra entrevista de Temer à Jovem Pan

Um amigo manda a transcrição de uma entrevista de Temer à Jovem Pan.

Temer colocou dinheiro público na mídia, e você pode esperar muitas entrevistas em retribuição.

E neste estilo: chapa mais que branca.

Vejamos.

A beleza da primeira dama foi elogiada pelo chefe da rádio. Villa gastou minutos para falar da “herança maldita” do PT.

Mas o que mais chamou minha atenção foi o próprio Temer.

Uma jornalista citou o Ibope. Cuidadosa, ela evitou dizer que apenas 13% dos brasileiros consideram Temer ótimo ou bom. Puxou por um número menos duro.

A resposta é que foi antológica. Temer disse que não liga para pesquisas. Isso mesmo: não liga.

Isso vem mesmo homem que, não faz tanto tempo assim, desencadeou uma brutal especulação sobre o impeachment de Dilma ao dizer que ela não conseguiria chegar ao fim do governo com baixos índices de popularidade.

Quer dizer: ele ligava para pesquisas quando serviam a seu propósito golpista. Deixou como que por encanto de ligar quando elas expõem sua fragilidade como governante.

Nenhum jornalista da Jovem Pan notou isso, naturalmente. A conversa seguiu alegre e amistosa como quando bons camaradas se encontram numa mesa de bar ou coisa parecida.

Temer foi adiante. Disse que ficará feliz quando receber os aplausos dos “12 milhões” de desempregados que reencontrarem ocupação no resto de seu governo.

Não se conhecia este aspecto de Temer: o de sonhador.

No mundo das coisas reais, o fato é que ele não chegará a 2018 com tamanha impopularidade.

Não será necessário sequer um vice que faça o que ele fez: puxar o tapete do chefe.

Ele cairá na mais completa, na mais inexpugnável solidão — esquecido até pelos amigos da Jovem Pan.