CARLOS CHAGAS -
Incomodar
Marina Silva em debates olho no olho é perfeitamente lícito para a
presidente Dilma Rousseff, como aconteceu ontem no SBT. É para isso que
servem os confrontos entre os candidatos.
Agora,
fica no mínimo inócuo convocar a imprensa para bater na adversária, ou
utilizar o tempo da propaganda eleitoral gratuita para ataques de corpo
ausente, quando Marina não pode replicar. Em vez de somar votos, esse
comportamento de Dilma os subtrai. O sentimento popular detesta
covardias, ainda mais alimentadas em função de facilidades inerentes ao
exercício do poder.
Hoje
deverá ser conhecida mais uma pesquisa sobre as preferências do
eleitorado. A dúvida, ontem, era saber se a vantagem de Marina cresceu
ainda mais ou se os números se estabilizaram. Falta um mês para a
eleição e muita coisa poderá acontecer, mas, continuando a tendência
favorável à ex-senadora, a conclusão será de que o PT se condena a
voltar à oposição.
A
pergunta que se faz é com quem a provável vencedora governará. Porque
apesar de os tucanos em debandada e de os companheiros em estado de alto
ressentimento, sobra o PMDB. Claro que derrotado também estará o
vice-presidente Michel Temer, restando saber com quantos governadores
contará o partido. Aos eleitos caberá o passo inicial de aproximação com
a suposta nova presidente da República. Também farão parte da equação
as novas bancadas peemedebistas, certamente infensas a manter a aliança
com o PT, na oposição.
Marina
dá sinais de pretender governar com quem demonstre boa vontade. Quando
fala em aproveitar os melhores de cada legenda, não estará oferecendo o
ministério em condomínio, mas abre uma janela para arejar seu governo,
podendo até entrar por ela alguns tucanos.
É
cedo para especulações a respeito da futura administração, mas se
Marina vencer, como hoje indicam as pesquisas, será possível que consiga
compor uma frente político-parlamentar razoável. Tudo dependerá da
moeda de troca, ou seja, de sua capacidade de aglutinar sem abrir mão do
comando e da independência.
NEM ESFORÇO NEM CONCENTRADO
Saberemos
hoje do sucesso ou do malogro do último esforço concentrado do
Congresso antes das eleições. A pauta está esmaecida, sem nenhuma
decisão de vulto a ser votada na Câmara ou no Senado, e a frequência
parece desanimadora. Mesmo assim, os presidentes Renan Calheiros e
Henrique Eduardo Alves tentam mobilizar os líderes dos partidos para
evitar o vexame das ausências.