CARLOS CHAGAS -
Qual a
relação entre os secretários executivos dos ministérios e as eleições
presidenciais? Nenhuma, a não ser de que são cidadãos, ainda nais
funcionários públicos, e tem a obrigação de votar.
Como
explicar, então, que a presidente Dilma os tenha mandado reunir na noite
de terça-feira, eles e mais de cem integrantes do segundo escalão do
governo, entre ministérios e empresas estatais, para receber instruções
sobre como neutralizar a candidatura de Marina Silva e impulsionar o
segundo mandato?
Claro
que a presidente não compareceu. Mandou Gilberto Carvalho em seu lugar,
mas a conversa foi a mesma: os atos servidores públicos deveriam, a
partir de agora, agilizar as estruturas da máquina pública no sentido de
reforçar a campanha da reeleição.
Não dá
para aceitar tamanha ilegalidade, mas aconteceu. A recomendação foi para
que a seleta audiência venha a se reunir com movimentos sociais,
promovendo debates nas redes e mobilizando a mídia para exaltar as
realizações do governo. Com vistas, é evidente, a conquistar mais votos
para Dilma.
Essa
inusitada reunião deveu-se ao receio cada vez mais agudo de que Marina
Silva poderá eleger-se presidente da República. Participação especial
teve o PT ao organizar a agenda dos trabalhos. Até porque, a maioria dos
presentes pertence ao partido.
Ontem
circulavam rumores de que a Justiça Eleitoral examinava a questão, mas
fica difícil imaginar qualquer iniciativa, em se tratando de um grupo
assim tão expressivo. O direito de reunião e associação é
constitucional.
ESTRELAS EM CHOQUE
Regra
em desuso atualmente, mas constando de qualquer tratado sobre ética, é
de que nas entrevistas jornalísticas a estrela tem que ser sempre o
entrevistado. Ao entrevistador caberia apenas provocar, fazer perguntas,
de preferência de forma educada, ainda que duras. Não é o que estamos
assistindo em todos os canais. Os entrevistadores, isolados ou em
duplas, imaginam-se o centro das atenções. Não raro agridem o
entrevistado, formulando perguntas enroladas e mais ,longas do que as
respostas, quase sempre interrompidas pela arrogância. Não é preciso dar
exemplos.