HELIO FERNANDES -
Já mostrei aqui num artigo de grande repercussão que bateu todos os
recordes de leitura nos blogues independentes, (os que não são
"hospedados" por jornais ou revistas) que nos 125 anos de República,
praticamente não houve eleição.
E quando houve, não terminou pelos mais diversos motivos. Incluindo a
morte, acidental ou trágica, em pleno mandato. Para constatar revelar e
consolidar a afirmação, basta à constatação facílima: nesses 125 anos ditos
republicanos existem quase tantos presidentes que não terminaram os mandatos, quantos
vices que assumiram.
Dessas substituições dos presidentes pelos vices, por causa de morte,
duas tiveram repercussão na hora e na História. A primeira, acidental, de Afonso
Pena, em 1909. Assumiu por 17 meses o vice Nilo Peçanha, inimigo inconciliável
de Rui Barbosa.
Candidato a presidente em 1910, Rui Barbosa teve que enfrentar três
grandes adversários, que identificou na campanha: a Igreja, o Exercito e o
Partido Republicano (único) manobrado por Nilo Peçanha. Que conseguiu eleger
seu Ministro da Guerra, sobrinho do Marechal Hermes da Fonseca.
O suicídio genial de
Vargas
Depois de 15 anos ditatoriais, derrubado, Vargas foi para Itu, ficou
cinco anos com o país "dilmizado" (já naquela época) pelo marechal
Dutra, que manteve seu "Estado Novo", voltou ao poder. Depois de três
anos de incompetência total, preferiu "deixar a vida para entrar na
historia".
Como esta na carta escrita pelo jornalista Maciel Filho, notável construtor
de textos para outros. Vargas não saberia escrever uma carta extraordinária
como aquela, mesmo para se despedir. Vargas entrou para a academia com 50
volumes de discursos não escritos por ele.
Por causa disso, Sergio Buarque de
Holanda, Érico Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade e Gilberto Freire,
assumiram compromisso publico: "Jamais entraremos para a Academia". (E
cumpriram apesar dos insistentes convites).
A morte de Eduardo
Campos
Única morte em plena campanha presidencial provocou emoção, sofrimento e
terrível, completa e total reviravolta. Não era considerado nas pesquisas expectativas
e estimativas não chegavam ou passava dos dez por cento. Desaparecido e
substituído pela candidata mais do que natural pela vice, que ele mesmo
escolhera e mantinha contra todas as pressões de dentro do próprio partido.
Morto Campos numa quarta-feira, na sexta, em cima dos fatos, analisei
como ficaria a disputa presidencial. Nessa mesma sexta, o Datafolha revelou que
na segunda, publicaria pesquisa, já com o nome de Dona Marina. Mesmo sem ela
estar oficializada pelo PSB. O próprio partido e outros, trabalhavam para que
Dona Marina não fosse indicada para substituir o candidato morto pela tragédia.
Como analista este repórter não precisava espera
que Dona Marina vencesse as resistências internas, já que os que se opunham á
sua candidatura, tentavam destruí-la mas não substituí-la. Já o Datafolha
publicou a pesquisa na segunda-feira, exatamente como anunciara. Foi uma
audácia completa. Felizmente as conclusões deste repórter e do Instituto,
coincidiram.
Concluímos que Dona Marina já apareceria na frente, superando Dona Dilma
e Aécio. Continuei interpretando os fatos, só que afirmei taxativamente:
"Os votos de Dona Marina, no momento podem ser atribuídos á emoção. Mas não
por este repórter, que não longa (longuíssima) vivencia nas redações, aprendi
que os fatos podem explodir em violenta emoção, mas essa emoção não dura para
sempre".
Com o fator favorável de poder fazer simulação, o Datafolha colocou Dona
Dilma perante Aécio e diante de Dona Marina. O candidato do PSDB ganhava
facilmente, para Dona Marina perdia também com facilidade pelo menos a candidata
do PSB com dez pontos á frente.
O
retrocesso de Dona Dilma
A emoção ajudou a desalojar a presidente de uma situação que parecia
altamente consolidada. Ela mesma se julgava vencedora, e nem admitia que
falassem em segundo turno. E como ainda não acontecera a tragédia do avião de
Campos, as previsões de Dona Dilma tinham nome e sobrenome: Aécio Neves.
O candidato do PSB não participava de suas previsões ou preocupações. E
a catástrofe do seu desgoverno ainda não passara dos subterrâneos do Planalto,
nem chegara a Alvorada. De onde Dona Dilma tentaria mostrar, discordando de
Aristóteles, que "governa é saber fazer omelete".
PS1- Agora cresce ininterruptamente a face negativa da
"administração da gerentona". Enquanto Dona Dilma considerava que só
existiam dois candidatos, se refugiava nas quinquilharias.
PS2- Mas agora Dona Marina é candidata para valer, tira votos de Dona Dilma
e retira também Aécio da disputa.
PS3- Então o objetivo geral é destruir e desconstruir Dona Marina, mesmo
que ainda não tenham "descoberto ou inventado" nada de importante ou
conclusivo.
PS4- Perdão, fizeram a grande conclusão: "Nos últimos três anos,
Dona Marina vivia e viveu de fazer conferências". Notável.
PS5- E agora, "engrossou" o grupo "investigativo"
que pretende acabar com a candidatura Marina. No momento ela se fortalece cada
vez mais. O que não significa que esteja com o passaporte "visado” para
quatro anos de permanência no Planalto e no Alvorada.
Amanhã: o segundo turno com Campos, o mesmo turno com
Marina.