Via EBC -
Moradores da Favela Santa Marta, na zona sul do Rio de Janeiro,
lutam contra a possível remoção de 150 famílias de uma área no alto do
morro. Conhecido como Pico Dona Marta, a região é de difícil acesso, mas
em compensação tem uma visão privilegiada da cidade. Em vez de retirar
as pessoas, querem que o poder público promova melhorias no local, como a
construção de escadas com corrimãos e a instalação de postes de luz.
O
Morro Dona Marta, primeira favela a receber uma Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP), em 2008, pode ser acessado a partir do bairro de
Botafogo, por um plano inclinado, ou por Laranjeiras, ligado por uma rua
que leva até a sede da UPP. Porém, quem mora no Pico Dona Marta tem que
se equilibrar por degraus escavados na rocha, em um trajeto íngreme e
estreito.
“Por ter uma vista muito bonita, se transformou em um
local de especulação [imobiliária]. É um lugar de grande interesse.
Tirando as pessoas daqui, a iniciativa privada vai se apropriar da área.
Nós queremos é um projeto de urbanização, como já ocorreu na parte
baixa. A grande maioria quer permanecer aqui”, disse o líder comunitário
Vitor Lira, que trabalha como guia turístico, levando visitantes para
conhecer a favela e as trilhas na mata.
Ele foi um dos 11
homenageados ontem (26), durante lançamento da campanha "Linha de frente:
defensores dos direitos humanos", promovida pela ONG Front Line
Defenders, com apoio dos grupos Justiça Global e Terra de Direitos. Os
homenageados são de várias partes do país, e estão ameaçados por
defenderem direitos constitucionais, como a vida, a liberdade, a terra, o
meio ambiente e a moradia.
A moradora Fernanda de Abreu é contra
sair do local, mesmo se for oferecido um apartamento popular na parte
baixa da favela ou em outro bairro da cidade. “A gente só precisa de uma
ajuda nas casas e uma melhoria no caminho, com iluminação pública.
Daqui a pouco está tudo escuro e a gente não consegue descer”, disse, no
final da tarde.
A Secretaria Municipal de Habitação informou que
a possível remoção dos moradores seria por causa de obras do Programa
de Aceleração do Crescimento, sob responsabilidade do governo estadual. A
Secretaria Estadual de Habitação foi procurada, por telefone e e-mail, mas não se pronunciou até a publicação desta matéria.