25.4.16

STF QUEBRA SIGILOS DO DEMO AGRIPINO MAIA. OS 28 GOLPISTAS NA PLANILHA DA ODEBRECHT

Por ALTAMIRO BORGES - Via blog do autor -

Sem maior estardalhaço na mídia, o Supremo Tribunal Federal autorizou na sexta-feira (22) a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM e um dos mais ativos golpistas do país. Seu filhinho, o deputado Felipe Maia, que no domingo passado votou pelo impeachment da presidenta Dilma, também terá suas contas abertas. Os dois demos, que adoram se travestir de santos e de paladinos da ética, são suspeitos de integrarem um “complexo esquema de corrupção e lavagem de dinheiro”. A decisão da quebra dos sigilos foi tomada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, atendendo ao pedido da Procuradoria-Geral da República.

Segundo discreto relato da Folha, “além dos dois políticos e das empresas ligadas a eles, a medida atinge ainda outros familiares do senador, assessores, como seu motorista e chefe de gabinete, e servidores públicos... Agripino Maia é alvo de um inquérito que apura se o parlamentar negociou o pagamento de propina da empreiteira OAS durante a construção da Arena das Dunas, estádio em Natal usado na Copa do Mundo de 2014. Para a procuradoria, há indícios de pagamento de propina ao senador, uma vez foram identificadas operações suspeitas de lavagem de dinheiro na época de campanhas eleitorais, em 2010 e 2014”.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou depósitos fragmentados e movimentação atípica. Em outubro de 2010, por exemplo, foram efetuados, no caixa, seis depósitos em espécie no valor de R$ 9.900 cada, totalizando R$ 59,4 mil, além de outros 44 depósitos em envelope no caixa eletrônico, cada um com R$ 2.500, totalizando R$ 110 mil. “Segundo o Coaf, tais operações sugerem ‘tentativa de burla dos mecanismos de controle e de ocultação da identidade do depositante’. Ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que as investigações revelam um ‘complexo esquema de recebimento de valores ilícitos para várias pessoas, mediante a utilização de diversas empresas, com a finalidade de ocultar a origem e o destino final dos recursos envolvidos’”.

A PGR relatou ao STF que as informações prestadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, pelo Tribunal de Contas da União e pelo Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte "evidenciam" que a obra do estádio Arena das Dunas, entre 2011 e 2014, passou por diversos obstáculos perante os órgãos de controle externo e o próprio agente público financiador. Estes entraves corroboram a suspeita de que o senador e presidente do DEM “efetivamente atuou no sentido de agir nos bastidores para superar tais dificuldades, conforme diálogo por ele mantido com Léo Pinheiro, dono da OAS, diretamente interessado no assunto”.

“Em sua decisão, o ministro do STF afirmou que os elementos apresentados por Janot apontam ‘para a presença de indícios de condutas que, aparentemente, se subsumem à descrição de crimes de lavagem de dinheiro’... ‘Há nos autos informações de operações financeiras realizadas pelo investigado que consubstanciariam indícios da prática de lavagem de dinheiro. Como explicitado pelo procurador-geral da República, estes elementos, aliados aos demais indícios coletados, recomendam o aprofundamento da investigação com o deferimento da medida requerida’”. Será que agora o demo e seu filhote finalmente serão investigados? A conferir!

Os 28 golpistas na planilha da Odebrecht

No show de horrores da aprovação do impeachment de Dilma, o cinismo ficou estampado na cara de vários deputados. Eles falaram pela família, por Deus e contra a corrupção numa encenação grotesca para esconder os seus podres. Aos poucos, porém, fica patente a farsa destes moralistas sem moral. O Jornal do Brasil divulgou neste sábado (23) um balanço revelador: "Dos 367 deputados que votaram no último domingo (17) pela admissibilidade do impeachment da presidente Dilma, na Câmara dos Deputados, 28 deles compõem as planilhas da Odebrecht apreendidas na 26ª fase da Operação Lava Jato". Vale conferir e gravar os nomes destes "nobres" e "éticos" parlamentares:

1- Afonso Hamm (PP-RS);


2- Arthur Maia (PPS-BA);

3- Arthur Virgilio (PSDB-AM);

4- Beto Mansur (PRB-SP);

5- Bruno Araújo (PSDB-PE);

6- Celso Russomano (PRB-SP);

7- Daniel Coelho (PSDB-PE);

8- Duarte Nogueira (PSDB-SP);

9- Eduardo Cunha (PMDB-RJ);

10- Giovani Cherini (PDT-RS);

11- Heráclito Fortes (PSB-PI);

12- Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE);

13- José Carlos Aleluia (DEM-BA);

14- José Otávio Germano (PP-RS);

15- Julio Lopes (PP-RJ);

16- Jutahy Magalhães (PSDB-BA);

17- Luciano Ducci (PSB-PR);

18- Luiz Fernando Faria (PP-MG);

19- Mendonça Filho (DEM-PE);


20- Nelson Marchezan Filho (PSDB-RS);

21- Osmar Terra (PMDB-MG);

22- Otavio Leite (PSDB-RJ);

23- Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG);

24- Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP);

25 Renato Molling (PP-RS);

26- Rogério Marinho (PSDB-RN);

27- Rodrigo Maia (DEM-RJ);

28- Sergio Sveiter (PMDB-RJ).

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Ao todo, a corrosiva "lista da Odebrecht" trouxe os nomes de 36 deputados federais. Destes, 28 falsos moralistas votaram pelo impeachment (78%), um se ausentou da sessão e seis rejeitaram o "golpe dos corruptos". As planilhas também incluem vários governadores - como Geraldo Alckmin (PSDB-SP) -, prefeitos e ministros - totalizando mais de 316 políticos. Quando a lista veio a público, em março, o clima foi de desespero. Alguns analistas afirmaram que ela desmoralizaria a votação do impeachment de Dilma. De imediato, a mídia golpista tratou de abafar o escândalo e o juiz Sergio Moro "arquivou" as apurações e mandou libertar nove investigados, em mais um gesto suspeitíssimo do "justiceiro".

Agora, porém, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de procedimento para uma apuração preliminar sobre a lista. "A Procuradoria-Geral da República ainda analisará o caso para decidir se pede ou não a abertura de inquéritos contra políticos que figuram nas planilhas. Por enquanto, ainda não é possível afirmar se elas tratam de doações legais de campanha ou caixa 2", descreve a reportagem do Jornal do Brasil. O correntista suíço Eduardo Cunha, o chefão do golpe, já admitiu que pediu pessoalmente grana para a empreiteira, mas jura que foi dentro da lei. "Eu só recebo doação de caixa um", afirmou o frio e cínico golpista.



Aécio Neves e o "caranguejo"

As planilhas foram apreendidas pela Polícia Federal em fevereiro na casa de Benedicto Barbosa Silva Junior, ex-executivo da Odebrecht. Elas exibiram possíveis repasses de recursos para 316 políticos de 24 partidos, que teriam sido feitos para as eleições de 2012 e 2014. O jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, foi o primeiro a ter acesso às planilhas em mais um caso sinistro. Em matéria postada em 23 de março, ele citou o nome do presidente do PSDB e de outros lideres do impeachment de Dilma:

"Expoente da oposição, o senador tucano Aécio é mencionado em planilha de pagamentos da eleição de 2010. Ele aparece como beneficiário de um repasse de R$ 120 mil da empreiteira. O senador José Serra (PSDB-SP) também aparece... Adversário do Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é chamado de 'caranguejo' ao lado de anotação que indica o pagamento de '500', sem maior especificação", descreveu o repórter, que ainda fez questão de enfatizar os nomes de Paulinho da Força (SDD-SP), integrante da tropa de choque do correntista suíço, e do demo Agripino Maia.

A revelação dos nomes de vários políticos golpistas parece que esfriou o interesse da mídia e o tema simplesmente saiu da pauta. O juiz Sergio Moro, sempre tão implacável na sua caçada ao PT, também optou por abafar o caso. Ele decretou, "com urgência", o sigilo dos autos que continham as planilhas da Odebrecht. O justiceiro ainda mandou soltar os nove investigados - entre doleiros e executivos da empreiteira - presos na chamada Operação Xepa, da Lava-Jato. O escândalo sumiu da mídia e os 28 deputados federais que constavam da lista da Odebrecht puderam votar tranquilamente na deposição de Dilma. Muitos deles discursaram em defesa da família, de Deus e da ética! Haja cinismo!