JOSÉ CARLOS DE ASSIS -
Ainda há tempo. Caso submeta à sociedade e ao Congresso, nesses dias imediatos, um projeto consistente de retomada da economia e do emprego, solucionando junto a crise financeira dos Estados, podemos escapar do terremoto político que será o impeachment da Presidenta Dilma pelo Senado. Do contrário, a brava guerrilheira cairá sem glória. Terá passado os 15 meses e meio de seu segundo mandato sem tomar uma iniciativa sequer a favor do povo. Tomou, sim, a incrível iniciativa de trazer para a Fazenda um neoliberal que impôs o ajuste fiscal e ameaçou a todos com a odiada reforma da Previdência.
Entretanto, insisto que ainda é tempo. Afinal, o poder institucional ainda está em suas mãos. Tive alguns indicativos de que grandes iniciativas estão em preparação. Se for verdade sua aplicação, ninguém poderá reclamar. Ninguém poderá dizer que é oportunismo na medida cada passo do Governo desde 2014 foi bloqueado por um assédio implacável da oposição. Não seria nada de admirar, portanto, que, finalmente, no curso de seu legítimo mandato, a Presidenta apresentasse enfim as credenciais de sua segunda presidência.
Esperarei por isso até o último momento da votação do impeachment. Se nada acontecer nesse sentido só me restará invocar as poderosas forças celestiais, aquelas citadas com tanta piedade pelos deputados na votação na Câmara, para salvar o mandato presidencial. A situação é tão crítica que é possível que não seja atendido. Não importa. O Brasil é maior que essa crise política. Já há quem esteja organizando as estratégicas para depois da votação, qualquer que seja seu resultado. Estou nessa, confiante em que a juventude exasperada com essa crise nos ajude a encontrar um rumo pois nossa geração está à beira do fracasso.
*Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de duas dezenas de livros sobre economia política brasileira.
