Via UGT -
Com
a participação de 500 delegados, representando 40 países das Américas, o 3º
Congresso da Confederação Sindical das Américas (CSA) teve início ontem,
terça-feira (26), em São Paulo tendo como tema central a democracia, direitos e
mais e melhores empregos.
A mesa e abertura do evento contaram com a presença de Sharan Burrow,
secretária Geral da CSI, Vitor Báez, secretário Geral da CSA, de Ricardo Patah,
presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Laerte Teixeira,
secretario de Politicas Sociais da CSA e vice-presidente da UGT, que ao lado de
Miguel Rossetto, ministro do Trabalho e Previdência Social e de representantes
das demais centrais sindicais filiadas a CSA iniciaram os trabalhos que
buscarão discutir a atuação dos trabalhadores frente ao conservadorismo
internacional.
Patah ressaltou o Congresso da CSA como fundamental para o sindicalismo das
Américas, lembrando que o evento acontece próximo da data em que se comemora o
Dia do Trabalhador e os 15 anos do lançamento do conceito de trabalho decente
pela OIT, o que é um momento de festa por conta de tudo o que já foi
conquistado, mas também de reflexão, o que tem tudo a ver com as discussões e
os debates propostos neste encontro.
O presidente ugetista enfatizou que UGT é uma central plural e que defende,
incondicionalmente, a classe trabalhadora. Desta forma, o atual cenário
político brasileiro não agrada, uma vez que o ideal seria país estar em franco
crescimento, com a empregabilidade em alta, com boa distribuição de renda e
aquecimento da economia nacional, mas que, de qualquer forma a classe
trabalhadora não pode esperar uma definição para essa situação. "Tenho o
pensamento muito próximo das pessoas que estão se sentindo prejudicadas com a
possibilidade muito grande de termos do neoliberalismo instalado no
Brasil", diz Patah.
Para Ricardo Patah, neste momento de dificuldade e de risco iminente de perda
de direitos trabalhistas, fundamentalmente é preciso que as centrais se unam
para evitar retrocessos. "Se não tiver união das centrais brasileiras,
teremos as adversidades ampliadas".
3º
Congresso da CSA debate democracia na América
A
Democracia e desenvolvimento nas Américas foi o tema do seminário internacional
que marcou na manhã desta terça-feira, dia 26, o início das atividades do 3º
Congresso da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das
Américas – CSA. O Congresso o está sendo realizado no Hotel Holiday Inn, em São
Paulo e irá eleger a nova diretoria da entidade para os próximos quatro
anos.
A
Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) é a
expressão sindical regional mais importante do continente americano. Fundada em
2008, na cidade do Panamá, afilia 56 centrais sindicais de 23 países que
representam 52 milhões de trabalhadores/as.
A
UGT está filiada à CSA e na condição de segunda maior central sindical do
Brasil, participa com delegados/as inscritos de acordo com as resoluções do
Congresso.
A
UGT montou um stand no local e ao longo dos três dias do evento divulga
a luta da central por trabalho decente nas cadeias globais de produção ,
assim como a promoção do desenvolvimento local e sustentável, na Ilha do
Bananal, tribos Karajá e Javaé.
Luta de classes, democracia e sustentabilidade
O termo “luta de classes”
voltou a ganhar força no Continente, onde os trabalhadores precisam se
organizar para defender a democracia e assegurar as conquistas dos direitos
trabalhistas. “E para vencer esta luta de classes precisamos aprimorar o
dialogo social” destacou o secretário Geral da CSA, Victor Báez , durante o
seminário ao abordar as prioridades da Confederação frente ao contexto da
região. Báez falou ainda sobre a questão da sustentabilidade. “A OIT foi criada
para lutar pela justiça social, é preciso saber se esses valores continuam
vigentes hoje em dia. Precisamos lutar por modelos que permitam a defesa dos
direitos dos trabalhadores. Todos querem empresas sustentáveis, mas ninguém
fala da sustentabilidade dos trabalhadores. As entidades sindicais precisam
sair da defensiva e passar para o ataque. Não podemos ficar assistindo o
capital consumir os direitos dos trabalhadores”, afirmou.
Para o sindicalista João
Felício, presidente da CSI – Confederação Sindical Internacional – “o movimento
sindical hoje está desprovido de ideologia. Não confundir com partido político,
mas sim com uma classe social. Para o dirigente os sindicatos precisam ampliar
sua representatividade. “Em todo mundo as organizações sindicais representam
apenas 20% de todos trabalhadores. Portanto, existe um grande número de
trabalhadores sem ter quem possa defender seus direitos. Mas para isso,
os sindicatos precisam implementar novas formas de mobilização, pois estamos
diante de uma nova realidade. Há alguns anos atrás a Volks no Brasil tinha
cerca de 40 mil funcionários, hoje tem 15 mil e amanhã poderá ter 500, talvez
cem. Temos que nos preparar para essa realidade, ponderou Felício. Quanto a
democracia ele disse que o movimento sindical precisa estar ao lado dos que
lutam pela democracia e criticou parcelas do movimento sindical que estejam
atreladas a grupos que aplicam golpes “ como está ocorrendo no meu país”, afirmou
Felício.
Também participaram do
seminários o diretor do escritório Regional da OIT para a América Latina e
Caribe, José Manuel Salazer Xirinachs, que falou sobre o futuro do trabalho e
as perspectivas laborais da região; a diretora da ACTRAV/OIT Maria Helena
André, cujo tema foram as oportunidades e desafios aos direitos trabalhistas e
sindicais; a secretaria regional da UNI Américas, Adriana Rosenzvaig que
discorreu sobre os Tratados de Livre Comércio; a diretora de direitos civis ,
humanos e das mulheres da AFL-CIO, Carmen Deseraie Berkley, que abordou a
justiça racial no movimento sindical e o secretario de Política Econômica da
CSA, Rafael Freire que falou sobre a PLADA (Plataforma de Desenvolvimento das
Américas).
Para o Secretário de
Integração para as Américas da UGT, Sidnei de Paula Corral, o
seminário mostrou um fortalecimento do movimento sindical das Américas. “A CSA
está mostrando uma preocupação com a nova postura dos sindicatos e
dirigentes sindicais que precisam se reciclar afim de que possam sobreviver as
crises atuais e as que ainda estão por vir”, destacou Corral.
*Por Fábio Ramalho e Joacir
Gonçalves, Imprensa UGT.