16.9.15

ULTIMATO AOS GOLPISTAS: RESPEITEM AS URNAS. O MELANCÓLICO PAPEL DE HÉLIO BICUDO

Por ALTAMIRO BORGES - Via blog do autor -

Como costuma afirmar o "filósofo" José Simão, quem fica parado é poste! Diante do "ultimato" da mídia golpista e da decisão da oposição de promover "dias de caos" para acelerar o impeachment de Dilma, as forças de sustentação do governo democraticamente eleito decidiram reagir. Nesta terça-feira (15), líderes do PT, PCdoB, PMDB, PDT, PSD e PROS entregaram à presidenta um documento em que reafirmam a disposição de lutar "em defesa da democracia e do mandato popular" conferido pela maioria do povo brasileiro. O texto serve de ultimato aos golpistas: respeitem as urnas!

Nos últimos dias, cresceram os boatos sobre a decisão do PSDB, DEM, PPS e DEM de ingressar com o pedido de abertura do processo de impeachment contra Dilma. A mídia privada festejou a iniciativa tresloucada. A 'Folha' chegou a publicar - na capa- um editorial terrorista intitulado "Última chance". Um site fajuto, sem qualquer transparência e seriedade, foi obrado para coletar adesões ao golpismo. Políticos travestidos de éticos, mas que estão mais sujos do que pau de galinheiro, ficaram excitados com a cavalgada, prometendo "dias de caos" em Brasília, segundo relato da mesma Folha tucana.

A resposta à escalada golpista, porém, não tardou. Num café da manhã nesta terça-feira, os líderes da base aliada e presidentes de partidos decidiram redigir o texto em defesa da legalidade democrática. "Temos que fazer valer a vontade popular que foi garantida no pleito do ano passado, com 54 milhões de votos dos brasileiros para um mandato de quatro anos", anunciou a presidenta nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos. Após o encontro - que também teve as presenças de Rui Falcão (PT), Valdir Raupp (PMDB) e Gilberto Kassab (PSD) -, o grupo divulgou uma carta aberta, que foi entregue na sequência à presidenta Dilma Rousseff.

O melancólico papel de Hélio Bicudo


O advogado Hélio Bicudo se projetou no cenário nacional no período sombrio do regime militar. De forma corajosa, ele denunciou os "esquadrões de morte" acobertados pela ditadura e tornou-se uma referência na luta pelos direitos humanos. Sem nunca abdicar da sua visão liberal da democracia, ele ajudou a fundar o PT, fez parte do governo de Luiza Erundina, elegeu-se deputado federal em 1990 e foi vice-prefeito de Marta Suplicy. Alegando "problemas pessoais", nunca explicitados, ele rompeu com o PT em 2005. Na eleição presidencial de 2010, Hélio Bicudo já garantiu os holofotes da mídia ao apoiar Marina Silva (PV), no primeiro turno, e o tucano José Serra, no segundo. Agora, porém, ele chega ao fundo do poço ao se aliar aos fascistas mirins que exigem o impeachment de Dilma.

Na semana passada, o veterano jurista se reuniu com alguns líderes das marchas golpistas que rosnam pelo 'Fora Dilma' e pela volta dos milicos ao poder. Neste papel melancólico, Hélio Bicudo autorizou que seu "parecer jurídico" sobre o impeachment seja anexado ao pedido que PSDB, DEM, PPS e SD protocolarão na Câmara dos Deputados nos próximos dias. "Procuramos o doutor Hélio para conferir mais prestígio popular ao pedido", disse Carla Zambelli, do grupelho "Nas ruas contra a corrupção". Na ocasião, o jurista voltou a expor, em vídeo, o seu ódio doentio contra o ex-presidente Lula.

O fim de carreira do jurista não surpreende apenas os democratas que o respeitaram no passado. Sua postura rancorosa gerou críticas até na sua própria família. No início de setembro, três filhos de Hélio Bicudo fizeram questão de explicitar suas divergências. José Eduardo Bicudo inclusive expôs as suas críticas na sua página no Facebook:

Sou um dos filhos de Hélio Bicudo e como meus irmãos, que já se manifestaram em público, também me manifesto contra o pedido de impeachment feito pelo meu pai. É triste ver uma pessoa que possuía um patrimônio político e uma história de vida digna juntar-se à direita mais sórdida do nosso país para fazer um papel no mínimo ridículo, extemporâneo, e se expondo de uma maneira pueril. Infelizmente, a sua luta contra o esquadrão da morte acaba ficando menor, neste momento pelo qual passa o Brasil, diante da insensatez que é o seu pedido de impeachment.

Nas entrelinhas do texto é possível verificar que o pedido de impeachment de Dilma é uma cortina de fumaça e o objetivo principal do pedido é atingir Lula, de um lado se juntando à campanha da mídia conservadora contra a candidatura de Lula para presidente em 2018 e de outro lado revelando mais uma vez a sua desesperada 'briga' pessoal com Lula, a qual vem se arrastando por mais de uma década.