16.9.15

EXPLORAÇÃO ECONÔMICA DA ORLA CARIOCA, E OS GUARDA-VIDAS?

DANIEL MAZOLA -


O Posto 4 da orla de Copacabana explode (26/7), provocando queimaduras graves em dois Bombeiros Guarda-Vidas. OrlaRio "dá de ombros" e finge não ser responsabilidade dela o vazamento de gás oriundo do esgoto. Na semana seguinte novo vazamento de gás é constatado pela CEG no Posto 2 da Barra da Tijuca, local interditado, evacuado, problema resolvido no dia seguinte já sem vazamento.

Em quantos Postos de Salvamento a OrlaRio designou equipes da CEG para vistoria após os incidentes? Qual órgão competente inspecionou os Postos de Salvamento no intuito de prevenir novos acidentes?

OrlaRio e Prefeitura não indenizaram, não pediram desculpas, nem sequer procuraram os Guarda-Vidas acidentados...

Não é novidade a maneira como os Guarda-Vidas são tratados, uma infra estrutura inadequada, que coloca em risco a vida de profissionais que estão ali para salvar outras tantas vidas. O sucateamento da orla e do serviço de salvamento por hora nos parece não ser um problema em si, mas um projeto político. A situação indigna que os Guarda-Vidas são expostos não é surpresa, foi a locomotiva do Movimento dos Bombeiros em 2011, mas o cenário pouco mudou.

Os Postos de Salvamento eram pertencentes ao antigo Distrito Federal, posteriormente Estado da Guanabara, abrigaram Guarda Vidas dos antigos Serviço de Salvamento e Corpo Marítimo de Salvamento (1917/1983), que já sofriam com o descaso das autoridades, fato que levou a entrega do serviço ao Corpo de Bombeiros.

Hoje a administração dos Postos de Salvamento está a cargo da Prefeitura, Eduardo Paes é o "dono" do ambiente de trabalho e através da concessionária OrlaRio, administra ao seu bel prazer, situação onde os Guarda-Vidas, verdadeiros instrumentos para salvar são inquilinos dos postos de salvamento. O salvamento passou a ser objeto secundário de um banheiro público, onde o uso é cobrado (tarifado) com roleta (girando bastante dinheiro)...

E os verdadeiros "donos" do local, do que deveria ser um ambiente de trabalho, continuam sendo tratados como relegados.

Porque um local que deveria ser operacional dos Guarda Vidas é tratado com tanto descaso? Ao invés de pranchões, jet-ski, quadriciclo, oxigênio, desfibrilador e leito para recuperação de afogados, temos comércio, péssimo serviço de banheiro "público", e muitos interesses obscuros. Ao invés de postos de salvamento voltados para o salvamento, temos locais insalubres, úmidos, infiltrados, com fiação exposta, vazamento de gás, e diversos problemas estruturais...

NA VERDADE a prioridade não é um posto e serviço de salvamento, e sim a exploração econômica de banheiros públicos em toda orla da cidade do Rio de Janeiro. O Guarda-Vidas é apenas um coadjuvante, o contador da roleta cujo controle é da concessionária é o ator principal.