DANIEL MAZOLA -
O Posto 4 da orla de Copacabana explode
(26/7), provocando queimaduras graves em dois Bombeiros Guarda-Vidas. OrlaRio
"dá de ombros" e finge não ser responsabilidade dela o vazamento de
gás oriundo do esgoto. Na semana seguinte novo vazamento de gás é constatado pela
CEG no Posto 2 da Barra da Tijuca, local interditado, evacuado, problema
resolvido no dia seguinte já sem vazamento.
Em quantos Postos de Salvamento a OrlaRio
designou equipes da CEG para vistoria após os incidentes? Qual órgão competente
inspecionou os Postos de Salvamento no intuito de prevenir novos acidentes?
OrlaRio e Prefeitura não indenizaram, não pediram desculpas, nem sequer
procuraram os Guarda-Vidas acidentados...
Não é novidade a maneira como os Guarda-Vidas são tratados, uma infra estrutura
inadequada, que coloca em risco a vida de profissionais que estão ali para
salvar outras tantas vidas. O sucateamento da orla e do serviço de salvamento
por hora nos parece não ser um problema em si, mas um projeto político. A
situação indigna que os Guarda-Vidas são expostos não é surpresa, foi a
locomotiva do Movimento dos Bombeiros em 2011, mas o cenário pouco mudou.
Os Postos de Salvamento eram pertencentes ao antigo Distrito Federal,
posteriormente Estado da Guanabara, abrigaram Guarda Vidas dos antigos Serviço
de Salvamento e Corpo Marítimo de Salvamento (1917/1983), que já sofriam com o
descaso das autoridades, fato que levou a entrega do serviço ao Corpo de
Bombeiros.
Hoje a administração dos Postos de Salvamento está a cargo da Prefeitura, Eduardo
Paes é o "dono" do ambiente de trabalho e através da concessionária
OrlaRio, administra ao seu bel prazer, situação onde os Guarda-Vidas,
verdadeiros instrumentos para salvar são inquilinos dos postos de salvamento. O
salvamento passou a ser objeto secundário de um banheiro público, onde o uso é
cobrado (tarifado) com roleta (girando bastante dinheiro)...
E os verdadeiros "donos" do local, do que deveria ser um ambiente de
trabalho, continuam sendo tratados como relegados.
Porque um local que deveria ser operacional dos Guarda Vidas é tratado com
tanto descaso? Ao invés de pranchões, jet-ski, quadriciclo, oxigênio,
desfibrilador e leito para recuperação de afogados, temos comércio, péssimo
serviço de banheiro "público", e muitos interesses obscuros. Ao invés
de postos de salvamento voltados para o salvamento, temos locais insalubres,
úmidos, infiltrados, com fiação exposta, vazamento de gás, e diversos problemas
estruturais...
NA VERDADE a prioridade não é um posto e serviço de salvamento, e sim a exploração
econômica de banheiros públicos em toda orla da cidade do Rio de Janeiro. O
Guarda-Vidas é apenas um coadjuvante, o contador da roleta cujo controle é da
concessionária é o ator principal.