DANIELA ABREU -
Profissionais da Educação do
Município em Greve tem seus salários descontados!
Ao verificar o contracheque pela
internet, profissionais da educação da Rede Municipal do Rio de Janeiro ficaram
indignados, valores que variam entre 22,17 a 123,15 reais. O Prefeito Eduardo
Paes descontou todos os dias parados como se ao estar em greve, o professor, a
agente auxiliar de creche, a cozinheira, estivessem faltando o trabalho.
A decisão de participar de uma
greve não é fácil para nenhum profissional, pois ao estar dentro dela o tempo
de dedicação é superior a carga horária do trabalho diário. Profissionais
enfrentam um grande desgaste físico e emocional, organizam e participam de
atos, assembleias, corridas de gabinetes, passeatas, intervenções durante todo
o período da greve. Quando esta invade o recesso dos lutadores e lutadores
perdem o direito ao descanso, a viagens, não podem ser tratados como
irresponsáveis que não trabalharam e terão seus pontos perdidos.
É direito do aluno a reposição
das aulas, principalmente dos conteúdos perdidos. O Governo ao descontar e
levar o professor ao limite do seu descontentamento tira a possibilidade dessa
reposição. O desconto é o desrespeito direto ao aluno, mas o que esperar de uma
prefeitura que só se interessa por números, como todas as escolas funcionaram e
não ficaram sem seus dias letivos, mesmo que para esse estudante tenha faltado
a matéria de português, matemática, história entre outras, não importa.
O desinteresse pela qualidade do
Ensino dessa prefeitura foi exposto a partir da greve passada, a maquiagem de
eficiência desabou, e a percepção que querem da educação pública municipal
apenas números para mostrarem internacionalmente ficou clara. O desrespeito é
tão grande que a SME chegou a propor que diretores tivessem uma estratégia para
lançar a nota dos professores em greve. Importante são os números, as falsas
aprovações, as metas que em nada tem haver com melhoria do ensino.
Ontem assistindo o jogo da copa
percebi como a grande mídia se preocupa com o cansaço dos jogadores e mesmo dos
juízes das partidas. Ouvi coisa do tipo “vamos lembrar que ele apitou um jogo
às 72h atrás, tem que estar exausto”.
Quantas horas por dia um professor trabalha? Quantas por semana? Alguém já entrou em uma
sala de professores no intervalo? A pergunta será, quantos não estão dormindo?
Na sexta, quantos não estão exaustos? Como garantir a qualidade nessas
condições?
A reivindicação do 1/3 para o
planejamento faz parte da busca de qualidade do ensino, ela visa diminuir o
tempo de interação com os educandos, e possibilita um maior para pesquisa,
estudo e oxigenação do professor. Educar
é uma ação intelectual, necessita de ócio, pesquisa, reflexão e conhecimentos
atualizados. Um professor de história
que não frequenta museus, de arte que não vai a exposições, teatros, de
português, que não vai a feiras literárias, e de ciência que não visita espaços
de pesquisa, terá uma aula com um grau de riqueza diminuído.
Para que se possa cobrar do
professor uma aula mais qualitativa, um compromisso com o aprendizado real dos
alunos, é preciso dar condições, as mesmas que se dão para os jogadores de
futebol da Copa e seus juízes.
Um salário digno, que não o faça entrar
em uma maratona de três, quatro e até cinco escolas para sobreviver. Tempo de
planejamento remunerado e com o mínimo de 1/3 para que possam preparar aulas
inovadoras, aprofundadas e interessantes. Respeito nas relações dentro e fora
da escola, impedindo o Assédio Moral provocados por muitos diretores e
Coordenadorias de Ensino, e que direitos sejam garantidos, a começar por aquele
garantido pela Constituição Brasileira, o de greve.
Garantir o direito a greve é não
descontar os profissionais que estiveram 45 dias em luta. O que se espera de um
profissional que não terá como sobreviver no mês de Julho? Como ele irá dar
aula? Sem dinheiro para o seu transporte, sem poder alimentar sua família,
pagar as suas contas? Essas serão aulas de qualidade? Não preciso ser a
Secretária de Educação para responder essas questões? Quem será o principal
atingido diante disso tudo?
Diante tantas arbitrariedades o
que esperar de Paes e sua secretária Bomeny, o mínimo que pensem ao menos nos
alunos.