CARLOS CHAGAS -
Conforme a lei eleitoral, não pode passar de hoje o anúncio, pelos
tucanos, de quem será o copiloto de Aécio Neves. Aliás, já deveria ter
sido escolhido há algum tempo o candidato a vice-presidente na chapa do
ex-governador de Minas. Cresciam, ontem, as ações do senador Aloísio
Nunes, ainda que a sombra de José Serra se mantivesse à vista, até ele
decidir sair candidato à Câmara Federal.
Para os adversários a demora indica indecisão, para os
correligionários, excesso de opções e cautela na espera de novas adesões
no quadro partidário. De qualquer forma, não deixa de ser perigoso
deixar para a hora final as decisões cruciais. Está na lembrança de
todos o fiasco que foi a escolha do vice do próprio José Serra, em 2010,
também deixada para os últimos dias do prazo. Surgiu um desconhecido
Índio da Costa, do DEM, que nem um voto a mais agregou ao candidato do
PSDB, o próprio José Serra. Não será o caso, agora, tendo em vista as
qualidades dos dois cogitados. Ficou mais distante a hipótese de um
terceiro, no caso Tasso Jereissati, cuja vantagem seria não ser
paulista, mas cearense. De qualquer forma, o dia tem que ser hoje, se
não foi às últimas horas de ontem.
Com Michel Temer e Marina Silva, os outros dois candidatos parecem
bem abastecidos de vices. Falta mesmo Aécio Neves, pois tanto a
presidente Dilma quanto Eduardo Campos já evoluem acompanhados nessa
pré-campanha. No passado, desde a República Velha, os vices costumavam
exprimir mais problemas do que soluções, para os titulares. De Floriano
Peixoto a Manoel Vitorino, de Café Filho a Itamar Franco, exigiram
atenção redobrada por parte de Deodoro da Fonseca, Prudente de Moraes,
Getúlio Vargas e Fernando Collor, mas a partir de Marco Maciel, com
Fernando Henrique, Jose Alencar,com Lula e agora Michel Temer, com Dilma
Rousseff, presidentes e vices vem tocando de ouvido.
No que se refere a Eduardo Campos, nem tanto, na possibilidade dele
ser eleito, pois Marina Silva dispõe não apenas de voo próprio, mas de
concepções distintas e até conflitantes com o cabeça de chapa. O mesmo
aconteceria com Aécio Neves caso a escolha recaísse em José Serra.
Mesmo com as atenções nacionais voltadas para a copa do mundo, será
bom ficarmos atentos ao anúncio de hoje, que salvo engano ou milagre,
deixará de consolidar a aliança do café com leite, ou seja, de Minas com
São Paulo, os dois maiores colégios eleitorais do país.
ATÉ AQUI, TUDO BEM
É conhecida a história do cidadão que caiu do vigésimo andar de um
edifício e, quando passava pelo décimo, comentou que “até aqui, tudo
bem”. Apesar da redução significativa de seus índices de preferência nas
pesquisas eleitorais, Dilma continua em primeiro lugar. Há que aguardar
os números das novas consultas populares, uma delas prevista para esta
semana. Até aqui, tudo bem, ou seja, mesmo com a previsão de segundo
turno, a presidente mantém a reeleição. Depois…