Via DCM -
O bom humor do zagueiro italiano estampado nessa foto com uma atendente do hotel em que a seleção italiana ficou hospedada durante a Copa do Mundo. |
Ladies & Gentlemen:
Peço um minuto de sua atenção para que se juntem a mim, numa soberba
salva de palmas (nota da tradutora: standing ovation), ao jogador
italiano alcançado pelos dentes de Luiz Suárez, Chiellini.
Pronto.
Num ambiente polarizado entre o ódio irrestrito e a idolatria
fanática por Suárez, Chiellini trouxe sabedoria, bom senso e
generosidade.
Em seu site pessoal, ele não apenas registrou sua oposição à pena
imposta pela Fifa, por julgá-la excessiva, como fez questão de dizer que
seus pensamentos estavam com Suárez e família, pelos momentos difíceis
que estão passando.
Ladies & Gentlemen: Chiellini se comportou como ancestrais seus
como o imperador filósofo Marco Aurélio e o poeta estoico Lucrécio.
O gesto de Chiellini faz pensar. Como punir uma mordida? Qual a gravidade relativa da infração?
Uma entrada violenta pode inutilizar um jogador. Uma cotovelada pode
deixar marcas eternas. O americano que na Copa de 94 levou uma
cotovelada de Leonardo disse que até hoje sente dores de cabeça.
Uma mordida é bizarra, acima de tudo. Quero dizer, uma mordida à Suárez, e não à Tyson, que arrancou uma orelha do adversário.
Chiellini não precisou nem ser atendido. Os outros dois jogadores mordidos por Suárez no passado também.
A verdade é que os homens que julgam os jogadores não sabem como
lidar com uma mordida, sobretudo pela raridade desse tipo de ocorrência.
Falta a esses homens, acima de tudo, a humanidade compassiva e
grandiosa de Chiellini, o defensor italiano que pareceu, por momentos,
Marco Aurélio.
Sincerely.
*Texto de Scott Moore. Tradução: Erika Kazumi Nakamura. Sobre o Autor: Aos
53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta
amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier
League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao
rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado
com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila,
Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas
do Diário.