MARCELO MÁRIO DE MELO -
Em lentes de poesia
e sais de humor
literAturo
a militância
literAtando
as pontas
entre os ataques
de gaviões
e hienas inimigas
e os voos cegos
de papagaios falantes
e pavões em refletores
nas próprias trincheiras.
Às vezes
sendo necessário disparar
dois tiros para a frente
e um tiro para trás.
Mitos
dogmas
ilusões
programas
no papel
rasgados no percurso
cartilhas encarquilhadas
fórmulas falidas reiteradas
reincidências
redomas
tocas
tribos
seitas
torcidas organizadas
tendências
performances
miopia
delírio
lugares de fala
e de falha
minipoderosos chefões
neovelhos salvadores.
anjos decaídos
scipts da casa grande
encenados na senzala.
Ante lixo
escombros
fezes
pus
as páginas
dos capítulos centenários
pedem
que os olhos se arrastem
do espelho
do umbigo
e dos pares
até a dor anônima das cidades
em leituras de reciclagem
e estrume.
As agressões dos poderosos
as ilusões do povo
as operetas militantes.
E o eterno desafio
de animar a dança
na contracorrente
recomeçar
recomeçar
sempre
sempre
atravessando
as águas de amargura
com os remos do humor
e da literatura.
