13.10.16

POESIAS: BANDEIRAS; RECURSO EXTREMO; A ESPERA DA ESPERANÇA

MARCELO MÁRIO DE MELO -


RECURSO EXTREMO
Cortar os pulsos 

não me atrai 
por torturante
indiscreto 
anti-higiênico
muito menos 
a maiacoviskiana bala 
na cabeça.

E não estão em pauta 

as três dezenas de sonífero 
recurso reservado a incisos 
de parágrafos e artigos específicos
da desconstituição da vida.

Esbravejar 

dar socos na parede
quebrar coisas 
estancam
na partida dos cem metros rasos
ante uma onda gigante
que se quebra por dentro
cravando na alma os estilhaços
e arrastando as mãos 
a arrancar cabelos 
sinal à beira do abismo 
a que se atende
em fio de vida
raspando a cabeça em exorcismo.

Depois 

comum a réu sem culpa
acidentado
doente que comprova no exame 
o horizonte do ponto final.
o sentimento inútil
do não merecido


***

A ESPERA DA ESPERANÇA

Quem espera sempre alcança
ou se cansa de esperar?

A esperança cansada
estanca o seu caminhar ?
O cansaço da esperança
modifica o seu olhar?
Na espera a esperança
acumula esperançar?
A dança da esperança
faz rodar ou espiralar?
A espiral da esperança
pode se enferrujar?
Quem destrava a esperança
para ela vicejar?