13.10.16

O “PRIMEIRO-MINISTRO” PADILHA ESTÁ ULTRAPASSANDO OS LIMITES

CARLOS CHAGAS -

É conhecido, mas merece ser repetido, o episódio que envolveu o general Bernard Montgomery, chefe das forças armadas britânicas, e o primeiro-ministro Winston Churchill. A II Guerra Mundial aproximava-se do fim e o orgulhoso militar, vencedor de todas as batalhas, revelara aos jornalistas as razões de seu sucesso. “Escrevam que é porque eu não bebo, não jogo, não fumo e não prevarico”. Enciumado, Churchill convocou os repórteres e ditou: “Eu bebo, fumo, jogo,  prevarico, e sou o chefe dele…”

Guardadas as proporções, é o que o presidente Michel Temer deveria dizer ao chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Porque o todo-poderoso auxiliar anda passando dos limites. Não há um dia sem que ele dê palpite em alguma iniciativa do governo, como se fosse o artífice de todas as mudanças e reformas. Depois da aprovação do teto máximo de gastos do Executivo, Padilha anunciou como obra sua, para os próximos dias, a redução dos juros. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estrilou junto ao presidente Temer, reivindicando não para ele, mas para o chefe, a autoria de uma das mais importantes medidas de reconstrução econômica do governo.  Não há um empresário, economista ou contribuinte que nos últimos meses não relacione como aspiração nacional a redução dos juros. Do cheque especial aos cartões de crédito, das dívidas crescentes dos impostos ao gargalo que impede o desenvolvimento, todos apontam a farra dos bancos como causa principal de nossas agruras econômicas.

É bom atentar que nem Meirelles ousa reivindicar como sua a redução em vias de concretizar-se.   Não fosse a decisão de Temer, disposto a contrariar os bancos, nada seria feito, como parece que será.

Pois não é que Padilha proclama a autoria? Só falta intitular-se Prefeito do Paço, coroando-se Carolíngio no lugar dos Merovíndios. Só que se chama Eliseu e não Carlos…