5.9.15

MICHEL TEMER TRANSPÔS O RUBICÃO

CARLOS CHAGAS -


Desnecessário se torna  traduzir ou interpretar o diagnostico do vice-presidente Michel Temer transmitido a um grupo de empresários paulistas, quinta-feira, quando sustentou que a presidente Dilma não resistirá até o final do mandato com a popularidade tão baixa como se encontra hoje. Acrescentou que não moverá uma palha para assumir a presidência da República.

Nem é preciso. Já moveu o conteúdo do imenso  paiol  de  frustrações onde se reúnem empresários, trabalhadores, profissionais liberais, funcionários públicos, partidos políticos e a torcida do Flamengo. Não que o país clame por sua ascensão ao poder ou acredite ser ele o personagem unificador. A maioria da população o desconhece,   apesar de sua condição  de substituto ou sucessor constitucional.  Por enquanto a  realidade está no extremo oposto: a sociedade rejeita a presidente Dilma, incluindo-se na rejeição até o PT, sem  falar no PMDB e demais siglas  com assento no Congresso.

Admitir que a popularidade possa ser recuperada em  tempo  útil para Madame  preservar seu mandato soa como  golpe de graça desferido pelo vice sobre a titular. É impossível. Aguarda-se apenas um fato novo capaz de desencadear  o desenlace: uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral ou do Tribunal de Contas da União, uma evidência a mais de ter o governo participado do escândalo da Petrobras, a queda do ministro da Fazenda, a invasão de supermercados ou demais  manifestações violentas da população diante do desemprego, do aumento de impostos ou da alta do custo de vida.  Qualquer desses fatores, se não  levarem Dilma  à renúncia,  certamente conduzirão ao seu impeachment.

Michel Temer transpôs o Rubicão, mesmo com legiões esfarrapadas e enfraquecidas. Terá tido motivos para molhar os pés,  humilhado e ofendido pelo que restou da exangue guarnição do palácio do Planalto. Bem como pelas trapalhadas  da confusa,  inoperante e perdida comandante dessa resistência inútil.

Imaginando-se a preservação dos princípios constitucionais e a permanência das instituições democráticas, mesmo postas em frangalhos, a pergunta refere-se ao papel que Michel Temer poderá exercer após chegar à presidência da República. Melhor seria indagar sobre seu prazo de permanência no trono. Conseguirá  unificar a nação,  como sugeriu que alguém precisaria tentar?

Transposto o Rubicão, Cesar virou ditador, até que  punhais de alguns senadores o abatessem.