Por Nelson Rodrigues Filho - Via Rede Democrática -
Sou um dos chamados admiradores do gênero. Aliás, mais precisamente,
grande admirador do nosso querido, sempre sensual, Mestre Drácula. Com
um olhar penetrante, apenas com o olhar, conquistava as maravilhosas,
lindíssimas, atraentes atrizes de Hollywood e os espectadores do “velho”
cinema. Ainda sem os impressionantes (me permitam a redundância, que
impressionam mesmo) efeitos especiais, todos curtiam a espera lancinante
pelo momento especial de prazer em que as vítimas “viajavam”,
perdidamente alucinadas por seu Mestre.
A plateia, homens e mulheres de todas as idades, delirava.
Eram tempos em que casais, sem nenhum
pudor se deixavam levar por incríveis e dilacerantes paixões pelos
protagonistas. Ouviam-se suspiros por toda a sala de exibição. Os homens
saíam curtindo as belas atrizes e as mulheres redondamente apaixonadas
pelos seus marlons brandos de plantão. Tudo na maior harmonia. Aquelas
fulminantes paixões eram declaradas sem nenhum pudor. O ciúme e a posse
eram deixados em plano secundaríssimo.
Valiam as viagens de todos. Cada qual com seus sonhos.
Acredito mesmo, que havia uma onda de
pescoços marcados por ardentes beijos, diríamos mais livremente –
chupões - que as namoradas, as mais “safadinhas”, mostravam com muito
orgulho. Orgulho esse que valia também para os homens que viam nas
marcas uma afirmação de sua posse.
Havia um quê de vampirismo, a lá Drácula, que nos rondava.
A modernidade, o avanço da tecnologia e
roteiros muito eficientes, a partir de livros best-sellers, encheram as
telas com centenas de vampiros numa acirradíssima luta com lobisomens e
levaram para as salas de cinema milhões de novos aficionados do gênero.
O “frisson” que o Mestre provocava foi
substituído por um amor visceral entre a Bela, a humana curtida por uma
família de lobos, e um vampiro, o Edward o herói que se recusava a
mordê-la, apesar da sua incansável insistência para se transformar
também em uma vampira.
A trilogia chegou temperada pela
pretensão de um lobisomem em conquistar a heroína e arrebatou um número
incomensurável admiradores por toda nossa maltratada e misteriosa Terra.
Pois não é que a Copa do Mundo no
Brasil, a melhor do mundo, reviveu a prática ancestral do nosso
insubstituível Mestre na figura do Luiz Soares?!
O craque uruguaio, sob os olhares
estupefatos de centenas de milhões de espectadores em todo o mundo,
cravou os seus dotados dianteiros não no pescoço, mas no ombro do
zagueiro italiano.
O problema maior é que não havia por parte de nenhum deles um pingo de atração.
Portanto, a magia da mordida se perdeu e daí, deve acontecer uma punição por parte da Fifa.
A Itália administrou bem o empate
tocando a bola até a expulsão de seu jogador. Mais que a diferença
numérica, o psicológico funcionou e o Uruguai se lançou ao ataque. No
gol, faltou concentração aos defensores italianos que não se prepararam
adequadamente no escanteio.
Numa bola que não vi a intenção do
jogador da Costa do Marfim atingir o grego, foi marcado o pênalti que
classificou a Grécia aos 48 do segundo tempo.
Esta copa a melhor de todos os tempos até agora, não só vem sendo prenhe
de emoções, como vem surpreendendo a todos com promessa de mais emoções
e surpresas.