Via FSM -
Discurso do Secretário Geral da FSM, George Mavrikos, diante da plenária
da 103º CIT – Conferência Internacional do Trabalho. “Em nome da
Federação Sindical Mundial, representando hoje 90 milhões de
trabalhadores em 120 países do mundo, consideramos que a situação da
classe trabalhadora a nível global está piorando constantemente”, disse
George Mavrikos, Secretário Geral da FSM diante da plenária da 103ª CIT“.
A profunda e prolongada crise do
sistema capitalista gera pobreza, desemprego e sofrimento para os
trabalhadores e imensos mananciais para os capitalistas. Estamos muito
preocupados pelo aumento dos partidos neofascistas na Europa, pelo
fortalecimento do racismo e da xenofobia. É dever dos sindicatos afastar
os fascistas de cada setor e cada lugar de trabalho.
Ao mesmo tempo, a concorrência dentro do
sistema capitalista gera guerras, conflitos, intervenções
imperialistas. Vemos os resultados dessas intervenções na Líbia, Síria,
Iraque, Afeganistão, Ucrânia e outros lugares.
Os imperialistas intervêm para ganhar
esferas de influencia, rotas de transportes de energia, roubar os
recursos naturais e econômicos que pertencem aos povos do terceiro
mundo.
Esta é a situação atual. Frente a esta situação, como FSM, queremos destacar, desde a 103ª CIT, os seguintes 5 pontos:
1º Ponto: Convocamos à luta contra o
desemprego. O desemprego mata os sonhos dos jovens. O desemprego é o
inimigo do movimento sindical e um aliado dos capitalistas. A FSM
designou o 3 de Outubro de 2014 como dia Internacional de Ação contra o
desemprego. Devemos participar dessa luta com um programa e iniciativas
concretas.
2º Ponto: O direito à greve está em
perigo. Os governos e a burguesia têm sua própria leitura da Convenção
87. Seu objetivo é eliminar o direito à greve e impor condições que
impossibilitam a organização da greve. É o dever de todos nós
defendermos o direito à greve. A greve é uma arma única da luta de
classes e, ainda mais hoje em dia, quando os ataques contra os direitos e
conquistas dos trabalhadores são constantes. É um direito registrado na
Convenção 87 de 1948 e nas leis nacionais. É incorreto enviar esse tema
para o Tribunal Internacional da Justiça em Haya.
3º Ponto: Há um mês, no dia 13 de maio
de 2014 na cidade de Soma, na Turquia, mais de 300 dos nossos irmãos
perderam a vida porque a mina onde trabalhavam não tinha as condições
necessárias de segurança e saúde. A sede dos patrões por lucros
assassinou mais que 300 trabalhadores.
Para a FSM, a luta por medidas de saúde e
segurança no trabalho é uma prioridade básica. Para o movimento
sindical classista, a vida do trabalhador é o valor mais importante. Por
isso que a luta por condições de segurança e saúde dos trabalhadores é
uma das prioridades principais, juntamente com a luta por salários e a
luta contra o desemprego.
4º Ponto: Hoje, enquanto nós estamos
discutindo aqui na 103ª CIT, milhares de nossos irmãos, dos nossos
colegas estão presos. Na Colômbia 9.500 lutadores estão injustamente
presos. Entre eles, o dirigente da FSM Huber Ballesteros, sindicalista
do setor de agroalimentos. No Paraguai, Rubén Villalba, dirigente
camponês da nossa organização filiada a MOAPA está preso. Existe
perseguição de sindicalistas no Cazaquistão e Malásia. Na Grécia os
grevistas de Helliniki Halivourgia foram condenados no tribunal. No
Chile, os trabalhadores continuam sofrendo com as substituições de
trabalhadores em greve, sindicalistas são demitidos diariamente. No
Peru, sindicalistas da construção civil e de outros setores são
ameaçados, agredidos e assassinados. Há uns dias, os trabalhadores
grevistas e suas famílias nas unidades da empresa Holcim, no Sri Lanka,
foram agredidos por gangues contratadas, por expressar seu direito à
greve.
Exigimos a intervenção imediata da OIT
pela liberdade de Huber Ballesteros na Colômbia, Rubén Villalba no
Paraguai e todos os militantes presos.
5º Ponto: Estimados amigos, o último ponto que queremos destacar é a falta de representatividade na OIT. Hoje, a FSM tem 90 milhões de membros.
Segundo a representação proporcional, deveria ter 5 lugares para membros
titulares no Conselho de Administração. Estes lugares são ocupados por
outros através de processos antidemocráticos e sem transparências.
Esta é uma imagem que não é boa nem para
o movimento sindical e nem para a própria OIT. Continuaremos gritando.
Continuaremos lutando por representatividade, transparência e democracia
até o final. Nós apresentamos por escrito e verbalmente nossas
propostas concretas para o Diretor Geral. Estamos abertos e preparados
para uma solução verdadeira e justa. Pedimos o apoio de todos para este
esforço que no próximo período passará por outras formas.
Finalmente, desde esse lugar, enviamos
uma mensagem internacionalista para o heróico povo Palestino, para o
povo Cubano, para os povos da Venezuela, Bolívia, Equador, Líbano e
todos os povos e dizemos que estaremos ao seu lado com um espírito
fraternal e internacionalista.
Afirmamos aos trabalhadores de Portugal e
Grécia que continuaremos ao seu lado em suas diversas lutas contra a
austeridade, a Troika, o FMI e a EU.