EMANUEL CANCELLA -
Ao constituirmos o grupo “Maçons pela Democracia”, deixamos claro que jamais falaríamos em nome de nenhuma Loja ou Potência Maçônica determinada. Movia-nos nossa consciência de cidadãos livres, além da responsabilidade de pertencer à Maçonaria, que sempre participou de momentos relevantes da nossa História, atuando decisivamente para a consolidação do estado e da nação brasileira.
Podemos citar a Inconfidência Mineira, a Independência do Brasil, a Revolução Farroupilha, a Abolição de Escravatura e a Proclamação da República como exemplos da forte presença e liderança dos maçons.
Em nossos rituais, reafirmamos, a cada sessão, jurar combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros e, ainda, que nossa atuação não conhece fronteiras, nem faz qualquer discriminação de etnias nem religiões, respeitando a crença e as opiniões de cada um.
Nesse grave momento da conjuntura nacional, os “Maçons pela Democracia” reafirmam seu compromisso com as origens da Maçonaria. Estamos convictos de que um Maçom não pode se filiar a movimentos ou agentes que defendam o racismo, a ditadura de qualquer origem ou a resolução de conflitos por meio da violência.
Esses movimentos totalitários já fizeram com que a Maçonaria fosse perseguida e proibida de exercer suas atividades, em diversas ocasiões e locais onde se instalou. Quando se chega ao paroxismo de se defender a tortura como meio de atuação das forças de segurança e glorificar como heróis os bandidos que a praticaram, está ferido de morte o ideal maçônico de respeito aos direitos humanos.
Foram irmãos maçons que redigiram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, base doutrinária das constituições da França e dos Estados Unidos, posteriormente transformada em resolução da ONU. Nela está tipificada a tortura como crime hediondo, inafiançável e imprescritível, quando praticada por agente de estado.
Se maçons há que defendem essas práticas, deveriam substituir seus aventais azuis celestes por um avental gotejado de sangue e não merecem pertencer a um movimento tão sublime como é nossa Ordem. O ódio foi transformado no pão de cada dia de uma facção política, que conseguiu apresentá-lo como a grande solução para nossos graves problemas.
A desigualdade social, a ignorância e a desinformação completam esse caldo de cultura, que só vai fazer por piorar essa situação.
É necessário que se aceitem e convivam as diferenças, como no Pavimento do Mosaico, um discurso que promova um entendimento através da democracia e não pela força. Não existe religião ou movimento espiritualista sério que defenda a eliminação de pessoas, ainda que culpadas por algum delito, como solução para a vida e a harmonia de um país.
Defender como solução uma guerra civil, onde morram 30 mil pessoas, inclusive inocentes, é assunto para cadeia ou hospício. Precisamos reafirmar nossos ideários permanentes e solidários, que prezam pela soberania nacional e popular e pela defesa da democracia. Não se diga que adotamos posição partidária com quem defende racismo, tortura, defesa de ditadura, sonegação de impostos ou matança, não temos diferenças políticas. Caso de um certo candidato!
No momento em que duas candidaturas disputam o segundo turno das eleições de presidente da República em nosso país, não podemos nos dar ao luxo de cultivar uma neutralidade com essa choldra.
Entendemos que a candidatura do professor Fernando Haddad representa sim, nossos ideais progressistas e nacionalistas, nosso compromisso com o avanço e a paz social do Brasil, nossa luta contra o oportunismo, o entreguismo do patrimônio público e a corrupção, nossa luta pela soberania nacional e popular, pela preservação da democracia brasileira, tão arduamente reconquistada com a derrubada da duradoura ditadura cruel, corrupta e covarde instalada com o Golpe em primeiro de abril de 1964.
Sensíveis à gravidade da atual situação e para evitar que a barbárie traga para o Brasil seus inevitáveis e nocivos consectários, não temos a mínima dúvida de externar a única e consagrada opção da candidatura do professor Fernando Haddad, apoiada por todas as centrais dos trabalhadores brasileiros, pelos movimentos sociais e populares e pelos patriotas e democratas.
Rio de Janeiro, 26 de outubro de 2018.
Assinam esta carta: Francisco Soriano de Souza Nunes – M I (33) e Emanuel Cancella – M M (9)
Fonte 1 - http://maconspelademocracia.blogspot.com/