14.12.16

SELECIONAR OS MELHORES EM CADA SETOR

CARLOS CHAGAS -


Irritou-se Michel Temer com a divulgação de parte das delações premiadas do ex-diretor da Odebrecht, Claudio Melo Filho, no fim de semana que passou. Por isso, escreveu segunda-feira ao Procurador Geral da República recomendando celeridade na apuração das acusações, para não prejudicar a votação das medidas econômicas a cargo do Congresso. O presidente precisou voltar atrás, alertado para o fato de que as delações seguem em segredo de Justiça até que o Supremo Tribunal Federal se pronuncie sobre elas.

Mesmo assim, a indagação continua, porque alguém escorregou para a imprensa o vazamento das delações. O governo imagina má-fé na divulgação, já que atingiu especialmente ministros e ex-ministros do PMDB. Mas não perde por esperar.

Seria bom Temer tomar um calmante, porque novos vazamentos virão, especialmente quando conhecidas as listas dos donos da empreiteira, pai e filho, envolvendo muito mais gente. Não haverá partido que escape, adiantando muito pouco o palácio do Planalto ficar se referindo à “ilegítima divulgação de supostas colaborações premiadas”. O que importa não é saber se a divulgação foi ilegítima, mas se as acusações são verdadeiras.

Parece que sim, na maior parte dos casos. Em Brasília e fora de Brasília cresce a impressão de que depois de o Supremo Tribunal Federal iniciar o julgamento de corruptos beneficiados com foro especial, ou de o juiz Sérgio Moro começar a julgar os cidadãos comuns, não haverá como o presidente evitar profunda reforma do ministério. Os “amigos” privilegiados ou não, devem começar a tratar de seu futuro. A oportunidade para Temer será promover ampla mudança, mandando passear políticos e convocando luminares. Depois de aprovadas as medidas econômicas será hora de selecionar os melhores em cada setor.