9.1.17

SINDICALISTA COMUNICADOR AJUDA A DESVENDAR MISTÉRIOS DA LAVA JATO

MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -

Emanuel Cancella, um petroleiro sindicalista, acabou de lançar um livro intitulado "A outra face de Sérgio Moro – Acobertando os tucanos e entregando a Petrobras". O comunicador Cancella brinda os leitores com uma série de artigos que a mídia comercial conservadora prefere ignorar. Ele ainda teve o mérito de não se intimidar na publicação dos informes, tendo sido convocado pelo Ministério Público a prestar esclarecimentos, numa clara manobra para evitar a edição de "A outra face de Sérgio Moro".

Em linguagem clara e objetiva, Cancella reúne a partir de 27 de março de 2014 uma série de artigos com informações que ajudam os leitores a formar opinião sobre Moro, o juiz agraciado pelas Organizações Globo e demais espaços midiáticos, que ocupa grandes espaços dos jornalões e telejornalões e é apresentado como herói do gênero salvador da pátria.

Claro que ninguém em sã consciência é contra o combate a corrupção. Tanto assim que no início dos trabalhos da Operação Lava Jato, o próprio autor do livro aplaudia os esforços no sentido de cortar o assalto de bandidos contra a Petrobras, empresa na qual Cancella trabalha e defende desde os anos 70.

Mas com o passar do tempo os fatos ficaram mais claros e demonstraram também vínculos do herói midiático Sérgio Moro com organismos estadunidenses, segundo comprova Emanuel Cancella.

O que mais chama a atenção é exatamente o fato de o propalado combate a corrupção por parte do juiz Sérgio Moro ter se tornado um instrumento político, conforme menciona em seus artigos Emanuel Cancella, que servem a interesses econômicos que entram em choque com o desenvolvimento do Brasil enquanto uma nação soberana.

De 26 de março de 2014 a 24 de novembro de 2016, Cancella apresenta seus artigos que mostram como a Operação Lava Jato atua em sintonia com a mídia comercial conservadora. No último esclarecimento, de 24 de novembro de 2016, o autor do livro informa que "petroleiro protocola denúncia contra Lava Jato" e o faz na condição de cidadão brasileiro na Procuradoria da República do Rio de Janeiro.

Em seu arrazoado, vale destacar o trecho em que Cancella destaca o fato de "agora, muito estranhamente, a Lava Jato, que determinou a prisão sumária do ex-governador Sérgio Cabral, não demonstra a mesma firmeza em relação, por exemplo, ao ex-governador de Minas Gerais, Aécio da Cunha Neves, por mais de cinco vezes delatado na Lava Jato".

E segue Cancella assinalando que "pior, a Lava Jato não investiga os atos do atual presidente da Petrobras, Sr. Pedro Parente, que está alienando ativos da Companhia sem a necessária licitação, em uma liquidação".

Vale destacar também que os artigos reunidos no livro foram enviados aos principais jornalões brasileiros, que não só não os publicaram como também ignoraram nas coberturas sobre a Lava Jato, levando os leitores, telespectadores e ouvintes de rádios a formarem opinião sempre enaltecendo a figura do juiz Sérgio Moro, sem nenhum tipo de contestação.

Pode-se eventualmente não concordar com tudo escrito por Cancella, mas uma coisa é absolutamente certa: omitir as denúncias, como faz a mídia comercial conservadora, é fazer com que se tenha um juízo deturpado sobre a Operação Lava Jato. Um dos méritos do trabalho de Cancella é o de exatamente aprofundar a discussão sobre o tema.

O silêncio e a omissão só servem aos interesses dos setores que se utilizam do tema corrupção para manipular a opinião pública e que ajudam a promover retrocessos. E tal constatação pode ser vista não apenas na história brasileira, como o "mar de lama" de agosto de 1954, que por sinal nunca existiu e levou a morte do então Presidente Getúlio Vargas, e o golpe empresarial militar de abril de 1964, da mesma forma a ascensão do dirigente nazista Adolf Hitler. Naqueles anos 30 na Alemanha, para iludir a opinião pública, apologistas da doutrina nazista se utilizaram do tema corrupção para enganar a opinião pública.

*Mário Augusto Jakobskind, Professor, Jornalista e Escritor, Coordenador de História do IDEA, Unitevê - Canal Universitário, de Niterói - UFF – Universidade
Federal Fluminense/Fonte:  blog Jornal da ABI.