4.9.15

O MENINO AYLAN KURDI VIVERÁ PARA SEMPRE NA LUTA PELA LIBERTAÇÃO DA HUMANIDADE!

IGOR MENDES -



A imagem da criança síria de três anos, Aylan Kurdi, morta afogada numa praia turca, a caminho da Grécia, estarreceu e comoveu mundo afora. Na tragédia, além de Aylan, faleceram também sua mãe, Riahnna, de 27 anos, e seu irmão Ghaleb, de cinco. O pai das crianças, Abdallah, que sobreviveu à tragédia, disse que seus filhos “escorregaram de suas mãos no instante em que o barco virou”.

A imagem dramática viralizou na internet, com o hashtag #KiyiyaVuranInsanlik (#ahumanidadefracassou, em turco). Não é a humanidade que fracassou, mas sim o imperialismo, seu maior inimigo!

Interessados tão somente em explorar os fartos recursos naturais e a mão-de-obra barata dos povos dominados, as potências imperialistas, tendo à frente os EUA, não titubeiam em semear agressões e espoliação nos quatro cantos do planeta. Após a farsa dos atentados de 11 de setembro, usando como pretexto a “guerra ao terror”, invadiram Afeganistão, Iraque, seguiram apoiando o terrorismo de Israel nos territórios invadidos da Palestina, e promoveram guerras civis na Síria e na Líbia, ademais de golpes militares, como no Egito, atualmente mergulhado num regime fascista. Tudo sob o pronunciado objetivo de “redesenhar o mapa” do Oriente Médio, a fim de acossar sobretudo Irã e, através dele, a Rússia. União Européia, sobretudo o triunvirato Inglaterra, França e Alemanha apoiaram tais agressões, participando inclusive, em inúmeros casos, com tropas, de olho na sua própria parcela dos espólios.

É em meio a esse caos que se desenvolve naquela região, numa escala antes desconhecida, o sectarismo religioso, disseminado pelos próprios serviços secretos “ocidentais” com o fito de dividir as resistências nacionais à agressão imperialista; e proliferam também grupos como o Estado Islâmico, turbinados, na sua origem, pelos dólares da CIA.

Ora, os Curdi, como o mundo inteiro hoje sabe, eram de origem curda, e saíram de sua cidade natal, Kobani, em 2011, fugindo exatamente da guerra civil entre o governo reacionário de Assad, de um lado, apoiado pelo imperialismo russo, e as tropas mercenárias pró-Estados Unidos de outro. Esse o contexto da vida, e da morte, de Aylan. É o imperialismo, e seus bandos de assassinos profissionais direta ou indiretamente contratados, os responsáveis por essa e outras centenas de milhares de mortes! Não só nas praias, carros, caminhões, desertos ou abatidos por policias de fronteira, mas nas guerras e genocídios que os inimigos da Humanidade promovem em todo o mundo!

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), vinculada à ONU, somente neste ano, até 1 de setembro, 351.314 pessoas chegaram às costas européias, principalmente através de Grécia e Itália. Dessas, 2643 perderam a vida. Essa diáspora, que pode chegar a 800.000 almas até o fim do ano, ultrapassa já em 60% o total de refugiados e peticionários de asilo que desembarcaram em continente europeu em 2014. Cifras demolidoras, que revelam um mundo persistentemente dividido, como falava Lênin, entre um punhado de nações muito ricas e armadas até os dentes, de um lado, e a imensa maioria de nações espoliadas economicamente e oprimidas politica e militarmente, de outro. Assistimos, no caso da dívida grega, o furor com que os “tubarões” europeus não hesitam em esmagar seus próprios “peixes-pequenos” intrabloco. Porque no capitalismo os “blocos”, se existem, são apenas temporários e superficiais, sendo seu traço distintivo a luta aguda entre os monopólios por extrair o lucro máximo das classes e povos por seus capitais subjugados, luta que vai até a guerra, se for necessário.

A imagem de Aylan Kurdi é sim muito forte, e clama, e exige ação. Mas essa ação não pode perder-se em discursos humanitários vazios de conteúdo político, “esquecidos” da luta de classes, nem Aylan e seus familiares podem ser usados para obscurecer tantos outros crimes hediondos praticados diariamente pelo imperialismo. No Brasil também temos nossos Aylan, não esqueçamos: os filhos e filhas do povo pobre tratados como “inimigos” dentro do nosso próprio país, assassinados pela polícia ou grupos paramilitares ligados ao Estado, como a jovem Letícia, de 15 anos, morta na semana passada em decorrência da chacina de Osasco-Barueri. Ou os camponeses e povos indígenas, vítimas de genocídio nos sertões desse País.

Não é a Humanidade quem fracassou, mas os seus inimigos. Estes precisam ser derrubados e contra eles todo ódio é legítimo. Por amor a Aylan e todos os outros. Apesar de todas as atrocidades, venceremos!