CARLOS CHAGAS -
Uma série de impropriedades e disparates foram afirmados pelo Lula,
em sua passagem por Brasília, antes que a presidente Dilma retornasse
dos Estados Unidos. Entre boas e más intenções, o ex-presidente exortou
os companheiros do PT a praticarem atos inexequíveis. Senão, vejamos:
O PT precisa de enfrentamento político, manifestar-se contra as arbitrariedades da operação Lava-Jato.
Seria bom particularizar uma só das “arbitrariedades” que a Polícia
Federal e o Ministério Público teriam praticado. Até as visitas feitas
pelos policiais, às vezes para prender suspeitos, acontecem na maior
civilidade. De nenhuma agressão se tem notícia, assim como o monte de
pessoas presas jamais se queixaram de maus tratos ou perseguição. As
investigações processam-se estritamente dentro da lei.
O ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, não controla a Polícia Federal.
A Polícia Federal age estritamente dentro de suas atribuições. Não é
obrigada a revelar detalhes das investigações em andamento. Só depois de
suas conclusões é que são informados os canais superiores e a própria
mídia. O ministro estaria incorrendo em crime de responsabilidade se
interferisse nas diligências ou ordenasse prisões ou solturas.
O juiz Sérgio Moro está exorbitando em suas funções.
O juiz Sérgio Moro só assina ordens de prisão a pedido do Ministério
Público. A decisão é dele, mas só depois de examinar as exposições dos
procuradores da República.
É preciso virar a página do ajuste fiscal.
Como, se o ajuste fiscal não se completou? As maldades da equipe
econômica ainda estão em curso, muitas necessitando de aprovação no
Congresso. Queria o Lula esquecer o mais rápido possível os efeitos das
medidas que sacrificam os trabalhadores e os empresários? Como se não
existissem?
Deve o PT atuar em defesa do governo.
Como defender um governo que não produz boas notícias, mas apenas
más? Torna-se necessário que o governo adote iniciativas capazes de ser
defendidas, nunca ações que só penalizam a população. Mesmo os programas
assistenciais andam na baixa. Como esperar que os companheiros se
disponham conscientemente a arcar com erros e prejuízos causados pela
incompetência do palácio do Planalto?
O partido precisa reaproximar-se dos movimentos sociais.
Quem precisa reaproximar-se dos movimentos sociais é o governo, hoje
criticado pelas centrais sindicais, com ênfase para a CUT. De que forma
esperar os líderes sindicais aplaudindo os companheiros parlamentares
que se omitiram na negativa da redução de direitos trabalhistas?
É importante reagir ao cerco que a imprensa faz sobre o PT.
Apesar de erros e excessos, a imprensa escrita, falada, televisada e
computadorizada reflete o quem se passa na sociedade. Não houvesse
mensalão ou petrolão nenhuma notícia estaria sendo divulgada a respeito
da prisão de companheiros corruptos.
Em suma, dessa vez, perdeu-se o Lula em conceitos extemporâneos. Jogou fora excelente oportunidade de ficar calado.



