DANIEL MAZOLA -
O 7º Ciclo de Formação
Política da ABMERJ foi especial, o varandão-sala da cobertura da Rua da Lapa ficou pequeno para os cerca de 50 participantes que compareceram. São lutadores que já provaram
sua coragem e convicções, alguns foram presos como os bombeiros e ativistas
políticos, e a meu ver são esses que não se dobrarão jamais, revolucionários
autênticos reafirmaram que no Estado capitalista não há lugar para os
interesses da classe trabalhadora.
Quando em junho de 2013,
milhões de pessoas foram às ruas, a pressão sobre o capital obrigou o Estado a
fazer pequenas concessões, as quais já foram retiradas assim que o quadro de
relação de forças voltou a favorecer ao capital. Aí voltou à repressão pesada, as
velhas perseguições de sempre, prisões de muitos lutadores como a do bravo Igor
Mendes (que injustamente amargou sete longos meses numa fétida e insalubre
penitenciário no complexo de Bangu), e até a tarifa de ônibus já subiu e
seguirá sua escalada de exploração até a nova jornada de reivindicações. Ou a
tão sonhada e derradeira explosão social que resolva a maior parte das mazelas
sociais.
Reafirmamos no encontro
político que concessão não é sinônimo de pertencimento da classe trabalhadora
ao velho Estado capitalista. É ilusório pensar que os trabalhadores e
trabalhadoras chegam ao Poder ou ganham pedaços do Poder quando
ex-sindicalistas e ex-militantes de “esquerda” são eleitos para cargos no
Estado.
Na realidade, quem ganha
força com a cooptação dos pelegos para o Estado é o capital. E geralmente essa
cooptação de militantes para cargos no Governo e no Estado não ocorre depois de
eleitos (para cargos do Legislativo ou mesmo do Executivo), mas antes e como
pressuposto para a ocupação de referidos cargos. Exemplos não faltam por aqui e
pelo mundo...
Na verdade, o capital vê
nisso um ousado e valioso trunfo para a sua dominação de classe: é uma ótima
política para o capital poder contar com o prestígio de ex-líderes da classe
trabalhadora para administrar seu Estado e sua política, sobretudo em contexto
de crise. Certo “companheiros”? Daí o equívoco de intelectuais, organizações,
sindicatos, movimentos sociais e partidos da dita esquerda quando, ao invés de organizarem
e iniciarem junto à massa trabalhadora uma luta anticapitalista direta e
autônoma, portanto, contra o velho Estado burguês, realizam uma proposta de
ocupação de cargos com a falsa suposição de que tal política representa um “acúmulo
de forças” para a classe.
A valorosa turma de
ativistas e lutadores de diversas representações e os palestrantes que
estiveram em mais esse sensacional Ciclo de Formação Política da ABMERJ concordaram
plenamente que não podemos nos resignar e abandonar nossas convicções
revolucionárias, parece que a esperança de unidade entre nós continua viva e
pode avançar mais rápido que imaginávamos, é só colocarmos algumas velhas diferenças
de lado, parece que estão dispostos a isso.
A crise conjuntural-institucional se aprofunda aceleradamente, os fatos estão aí, sabemos e não poderia deixar
de dar nome ao boi, que a partir de 2002, com a chegada de Lula ao
Planalto-Alvorada isso foi se confirmando e nos revoltando cada vez mais. Tais fatos
sempre se encarregaram de desmentir esta política de cooptação e as forças e
organizações de “vanguarda” que a realizam. Traidores e pelegos não tem vez
entre os amigos e lutadores que participaram do 7º Ciclo de Formação Política
da ABMERJ.
Como diria o saudoso Vito,
Luta que segue, porra!




