Por FÁBIO GÓIS - Via Congresso em Foco -
Para Alvaro Dias, acusações “graves” de
caixa dois na campanha à reeleição de Dilma podem levar ao impedimento.
“Se houver comprovação, o caminho é ao impeachment”, diz o senador.
Com os novos desdobramentos da Operação Lava Jato, as oposições no Congresso vão se reunir no gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG), a partir das 11h desta terça-feira (30), para discutir a possibilidade de formalizar pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Mas divergências em partidos como PSDB e DEM sobre o tema podem frustrar, por ora, a intenção dos oposicionistas mais radicais.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) confirmou haver uma divisão a
respeito do assunto dentro de seu partido. “Há uma denúncia muito grave
que, evidentemente, depende de investigação para a verificação da sua
veracidade. Por se tratar de delação premiada, há a necessidade de prova
e investigação conseqüente. Se houver comprovação do que se revelou
como denúncia, o caminho é ao impeachment”, disse Alvaro ao Congresso em Foco, defendendo uma apuração mais aprofundada sobre as denúncias contra a petista.
O senador pondera que, enquanto há quem defenda o pedido
imediatamente, há também quem queira mais cautela na aplicação da
legislação pertinente. Lembrando ter apresentado, à época do mensalão,
em 2005, um voto em separado à CPI dos Correis propondo o impeachment do
então presidente Lula, Alvaro diz que não procede a tese de que a
oposição quer “sangrar” Dilma o máximo possível.
“Em matéria de desgaste, o governo está no fundo do poço. Não há
necessidade de mais nada. Tem que uma exploração em águas profundas para
alcançar a popularidade do governo. Não vejo que a oposição tenha que
buscar alguma alternativa para desgastar o governo, porque o governo já
está tremendamente desgastado”, completou o senador, para quem um pedido
de impeachment, além de “cumprimento do dever”, é uma “colagem” aos
anseios de parte da sociedade.
Renúncia
O encontro estava previsto para hoje (segunda, 29), mas foi adiado. A
cautela de Alvaro Dias contrasta com a postura do líder do DEM no
Senado, Ronaldo Caiado (GO). Para o parlamentar goiano, já há indícios
“mais do que suficientes” para que Dilma seja enquadrada entre os
investigados da Lava Jato e, consequentemente, sofra processo de
impeachment. “Se ela tivesse compromisso com o país, já teria
renunciado”, disso o senador à reportagem.
O encontro de amanhã (terça, 30) vai reunir presidentes e líderes de
partidos como PSDB, DEM e PPS, e a princípio será realizada no gabinete
de Aécio no Senado. A expectativa é que deputados e senadores
oposicionistas, entre um ou outro compromisso da pauta legislativa,
revezem-se nos Plenários das duas Casas em ataques a Dilma, Lula e a
demais governistas mencionados nas investigações.
Dilma está em viagem oficial aos Estados Unidos e, ao falar para
jornalistas em Nova Iorque, reagiu hoje (segunda, 29) à repercussão do
depoimento de Ricardo Pessoa. Dizendo que não respeita delatores,
a petista avisou que tomará providências se o empreiteiro Ricardo
Pessoa, dono da UTC Engenharia, incluí-la nas acusações delatadas e
veiculadas na última sexta-feira (26). O empreiteiro contou a
investigadores da Lava Jato que repassou R$ 7,5 milhões do esquema para a
campanha da reeleição de Dilma. Ele entregou, ainda, uma planilha
intitulada “pagamentos ao PT por caixa dois”, por meio da qual
relacionaria repasses de R$ 3,6 milhões aos tesoureiros de Dilma nas
eleições de 2010 e 2014.



