CARLOS CHAGAS -
No PT e no PMDB definem-se as
tendências em favor e contra a permanência da aliança que vem da metade
do governo Lula e prossegue no governo Dilma. No recém-encerrado
congresso nacional dos companheiros, sucederam-se agressivas exortações
pelo rompimento dos dois partidos, até que o antecessor e a sucessora
entraram no auditório, vencendo a queda de braço e sustentando a
permanência do acordo. Entre os peemedebistas, Eduardo Cunha quer o
desembarque e Michel Temer defende que as duas legendas fiquem juntas.
Assiste-se, na realidade, as preliminares da sucessão presidencial
de 2018, até com candidatos já posicionados. No PT, o Lula, que parece
haver afastado a hipótese de não concorrer, mais Tarso Genro e Jacques
Wagner. No PMDB, o vice-presidente da República e o presidente da
Câmara.
A conclusão começa a delinear-se: fixada a possibilidade Lula, ainda
ocupando a pole-position, dificilmente haverá candidatura própria no
PMDB, devendo Michel Temer pleitear outra vez a vice-presidência.
Afastado o primeiro-companheiro, por enfado, doença ou envolvimento com
empreiteiras, Eduardo Cunha assumirá a disputa no PMDB.
Claro que esse é o quadro atual, podendo modificar-se um sem número
de vezes, de acordo com o suceder dos acontecimentos, nos próximos
três anos. Mas com poucas expectativas de aparecerem novas peças no
tabuleiro da situação.
É por aí que os tucanos pretendem enfiar a sua colher na panela.
Jogam no desgaste da aliança PT-PMDB, ainda que também perdidos no
labirinto das definições. Aécio Neves ou Geraldo Alckmin? E José Serra,
estaria afastado?
O importante a registrar é a ausência de outras opções, fora das
acima referidas nominalmente. PT, PMDB e PSDB não se renovaram.
Deixaram de fixar-se outras lideranças, tanto entre os governadores
quanto no Congresso. Milagres acontecem, mas em política, jamais sem
novos santos.
Alguns ingênuos opinarão tratar-se de devaneios ou falta de assunto,
analisar tão cedo assim a próxima sucessão, mas deviam atentar para que
continua valendo o velho provérbio árabe de que bebe água limpa quem
chega primeiro na fonte.
ESTADO DE BELIGERÂNCIA
Prepara-se o Senado para rejeitar a proposta aprovada na Câmara, de
redução dos mandatos dos senadores para cinco anos. O diabo é que
rejeitada a emenda constitucional, a matéria precisará retornar à
Câmara, quando tudo indica que será reafirmada. Os senadores estão
preparados para vetar outros itens da reforma política em fase final de
votação entre os deputados. A perspectiva é de um estado de
beligerância entre as duas casas do Congresso. Ainda mais se passar o
projeto que permite mais um mandato para Eduardo Cunha e Renan Calheiros
nas respectivas presidências.



