15.6.15

MILAGRES, SÓ COM NOVOS SANTOS

CARLOS CHAGAS - 
No PT e no PMDB definem-se as tendências em favor e contra a permanência  da aliança que vem da metade do governo Lula e prossegue no governo Dilma. No recém-encerrado congresso nacional dos companheiros, sucederam-se agressivas exortações pelo rompimento dos dois partidos, até que o antecessor e a sucessora entraram no auditório, vencendo a queda de braço e sustentando a permanência do acordo. Entre os peemedebistas, Eduardo Cunha quer o desembarque e Michel Temer defende que as duas legendas fiquem juntas. 

Assiste-se, na  realidade, as preliminares da sucessão presidencial de 2018, até com  candidatos já posicionados. No PT, o Lula, que parece haver afastado a hipótese de não concorrer, mais Tarso Genro e Jacques Wagner. No PMDB, o vice-presidente da República e o presidente da Câmara.

A conclusão começa a delinear-se: fixada a possibilidade  Lula, ainda ocupando a pole-position, dificilmente haverá candidatura própria no PMDB, devendo Michel Temer pleitear outra vez a vice-presidência. Afastado o primeiro-companheiro, por enfado, doença ou envolvimento com empreiteiras, Eduardo Cunha assumirá a disputa no PMDB.

Claro que esse é o quadro atual, podendo modificar-se um sem número de vezes, de acordo com o  suceder dos acontecimentos, nos  próximos três anos. Mas com poucas  expectativas de aparecerem  novas peças  no tabuleiro da situação.

É por aí que os tucanos pretendem enfiar a sua colher na panela.  Jogam no desgaste da aliança PT-PMDB, ainda que também perdidos no labirinto das definições. Aécio Neves ou Geraldo Alckmin? E José Serra, estaria afastado?

O importante a registrar é a ausência de outras opções, fora das acima referidas nominalmente. PT, PMDB e PSDB não  se renovaram. Deixaram de fixar-se outras lideranças, tanto entre os governadores quanto no Congresso. Milagres acontecem, mas em política,  jamais sem novos santos.

Alguns ingênuos opinarão tratar-se de devaneios ou falta de assunto, analisar tão cedo assim a próxima sucessão, mas deviam atentar para que  continua valendo o velho provérbio árabe de que bebe água  limpa quem chega primeiro na fonte.

ESTADO DE BELIGERÂNCIA

Prepara-se o Senado para rejeitar a proposta aprovada na Câmara, de redução dos mandatos dos senadores para cinco anos. O diabo é que rejeitada a emenda constitucional, a matéria precisará retornar à Câmara, quando tudo indica que será reafirmada. Os senadores estão preparados para vetar outros itens da reforma política em fase final  de votação entre os  deputados. A perspectiva é de um estado de beligerância entre as duas casas do Congresso. Ainda mais se passar o projeto que permite mais um mandato para Eduardo Cunha e Renan Calheiros nas respectivas  presidências.