Via Agência Estado -
Procurador-geral, que disputa a reeleição, participou de um debate com os demais candidatos ao cargo.
O primeiro debate entre candidatos ao cargo de Procurador-Geral da
República para os próximos dois anos, realizado nesta segunda-feira, 29,
teve a condução da Operação Lava Jato como ponto de maior polêmica. Sob
críticas pela forma como guia o caso, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, defendeu sua atuação e pediu votos à categoria para
“terminar o que começou”. Janot disse que o País vive um “grave momento”
e falou em “descomunal caso de corrupção”, em referência ao escândalo
da Petrobras.
O procurador-geral defendeu que as mudanças estruturais realizadas
permitiram que o Ministério Público enfrentasse a investigação com
“profissionalismo”. “Não foi e não está sendo fácil”, afirmou Janot. O
mandato do procurador-geral se encerra em setembro e a eleição interna
que define a lista tríplice de candidatos a ser encaminhada à presidente
Dilma Rousseff está marcada para a primeira semana de agosto. A
presidente escolhe então um nome e o submete à aprovação do Senado.
Candidato à vaga de Janot, Carlos Frederico Santos aproveitou o
debate para reforçar críticas à forma de condução das investigações da
Operação Lava Jato. Para ele, o procurador-geral poderia ter
“amadurecido” mais as provas contra políticos antes de apresentar o
pedido de abertura de inquérito ao STF. “Por que levamos à Polícia
Federal se poderíamos ter resolvido isso dentro da nossa casa?”,
perguntou o subprocurador, principal crítico à atual gestão entre os
candidatos.
Janot respondeu dizendo que a não apresentação do caso do Judiciário
poderia gerar “nulidade” do caso. O procurador-geral defendeu seu
trabalho dizendo que a competência da Procuradoria-Geral para investigar
políticos “alcança a supervisão de investigação criminal”, ou seja, é
preciso que haja uma supervisão do Supremo. “Atos investigatórios sem a
supervisão do STF são nulos”, disse. “Prerrogativa de foro trata-se de
inquérito judicial e não policial e o próprio Supremo reconhece que a
ausência de supervisão dele retrata em nulidade”, completou Janot.
O poder de investigação próprio do Ministério Público e uma maior
independência em relação à Polícia Federal também foram bandeiras
levantadas por Janot. “Nós temos agora a responsabilidade de criar o
modelo para que possamos desenvolver com profissionalismo e objetividade
nosso mister. (…) Temos que trabalhar para ter mais independência
investigatória a no que se refere cooperação da Polícia Federal”,
completou o procurador. Nos primeiros dois meses de investigação de
políticos supostamente envolvidos na Lava Jato, PGR e PF tiveram
desentendimentos que geraram adiamento de depoimentos marcados.
Janot disse que não poderá se ausentar de Brasília para fazer
campanha em razão do momento vivido. “Volto à presença de vocês porque
pretendo terminar o que comecei. Estou pronto e firme para prosseguir no
desafio. (…) Sem fórmulas magicas e sem vender ilusões peço seu voto
para que possamos continuar avançando”, completou o procurador-geral.
Entre os quatro candidatos, Janot e Frederico foram os dois com maior
protagonismo no debate. Além deles, concorrem ao cargo os
subprocuradores Raquel Dodge, que é vista como uma “opositora moderada” e
Mário Bonsaglia, que tem uma posição mais alinhada com a do
procurador-geral. Durante o debate foram permitidas apenas perguntas dos
procuradores, que poderiam fazê-las pessoalmente ou pela internet. Não
foram permitidas perguntas diretas de um candidato para o outro e cada
um dos concorrentes respondia a todas as perguntas sorteadas. As
perguntas ficaram mais voltadas para questões administrativas, por
advirem do público interno.



