ROBERTO MONTEIRO PINHO -
Retomando minhas pesquisas,
encontrei este trabalho teórico do revolucionário Carlos Marighella escrito em
1966 no qual analisa a conjuntura nacional a partir da estrutura de classes do
Brasil mostrou o descontentamento da cúpula do PCB o que lhe custou à
expulsão do Partido em 1967.
No texto ele ressaltou:
(...) “O golpe de primeiro de abril sobreveio, e tornou-se vitorioso, sem que
as forças antigolpistas, e entre elas os comunistas, pudessem esboçar qualquer
resistência. A única resistência de massas organizada contra o golpe foi à
greve geral, mesmo assim sem condições de prosseguir, em virtude do despreparo
geral”.
A falta de resistência ao
golpe prendeu-se, assim, ao nosso despreparo. Despreparo político e sobre tudo
ideológico. Despreparo dos comunistas como de toda a área antigolpista –
assinalou: E acrescentou: (...) “Quanto aos comunistas, à resistência tornou-se
impossível porque nossa política — no essencial — vinha sendo feita sob a
dependência da política do governo”. Quer dizer, sob a dependência da liderança
da burguesia, ou melhor, do setor da burguesia que ocupava o poder.
Tal posição contribuiu para quebrar
a autoridade e anular nossa força, uma e outra necessárias quando se trata de
influir na frente única, levá-la à consolidação, paralisar as áreas vacilantes
e exercer um nítido papel ideológico diante dos setores mais radicais da
pequena burguesia.
Quando a liderança do
proletariado se subordina à liderança da burguesia ou com ela se identifica, a
aplicação da linha revolucionária sofre inevitavelmente desvios para a esquerda
e a direita. Pois, nesse caso, falta o lastro ideológico, único recurso capaz
de impedir o desvio dos rumos da revolução.
As criticas de Marighela se
ajustam ao quadro que se encontra o Partido dos Trabalhadores, que desde a sua
primeira ascensão ao Poder através da eleição de Lula da Silva, “deu as mãos
para a burguesia fascista”, representada na oportunidade, por José Sarney,
Antonio Carlos Magalhães e outros da extrema direita.
Ele alertou seus
companheiros para o que entendia acontecer eis que (...) tais resultados podem
ocorrer em consequência da desastrosa política econômico-financeira do governo,
das concordatas, do desemprego, da carestia, da submissão ao Fundo Monetário
Internacional, da política antioperária, da política de entrega e submissão aos
Estados Unidos e, paralelamente, do crescimento das lutas de massas.
Veio o junho de 2013, as
consequentes manifestações de massa, a força do advento da mídia eletrônica e
redes sociais, até agora, o desequilíbrio e o descompasso do terceiro Poder de
Lula, mal representado por Dilma e seus apoiadores (leia-se banqueiros), e mal
defendido por Lula, que ainda não encontrou o pomo do discurso adequado para
unir o PT – ou melhor, reunir o PT, ora esfacelado, com suas múltiplas
correntes.
Muita se especula em torno
do futuro do PT. Sem Dilma, (uma ausente flagrante). Mercadante desolado,
ineficiente e sem liderança, o que aliás nunca teve. Gente opaca, sem brilho,
que se elegeu no calor da militância, que hoje está dividida, esfacelada e
desacreditada. A CUT (braço direito do PT, está perdendo dezenas de sindicatos
para as concorrentes sindicais). E Lula, já se especula, e muito, estaria
formatando ao lado de figuras de proa do PT, um novo partido. Iria “rifar”
medalhões “mofados”. Quer dar espaço aos jovens na política. Será?
O fim dessa estrada, sabemos
onde vai dar. A direita extremista assiste passivamente e acalenta este estado
débil, onde já aproximadamente 10 milhões de brasileiros estão fora do mercado
de trabalho. E seus financiadores, se “lambuzam” com adocicados e extorsivos
juros, e esperam soberbos que a terceirização os contemple de forma gradual e
total. Vai ser duro de ver isso!!!



