REINALDO LEAL -
Eu estudava no Colégio La-Fayette onde hoje é a Fundação Bradesco, na Tijuca, no Rio de janeiro.
No dia em que Getúlio Vargas morreu, os alunos foram dispensados logo após a notícia.
Saíram todos pelos corredores, felizes, gritando:
- Amanhã não tem aula! Getúlio morreu!
Sai triste e cabisbaixo. Tinha apenas doze anos.
Senti o peso histórico do momento.
Lá em casa foi uma choradeira só.
Getúlio fora ditador mas era amado.
Anos
depois, quando o meu filho fez doze anos, estreou no Palácio do Catete a
peça: O Tiro que Mudou a História de Aderbal Freire Filho e Carlos
Eduardo Novaes.
Disse-lhe que ele ia
ver no local, com a mesma idade que eu tinha na época, a reprodução do
fato que eu tomara conhecimento à distância.
Partimos para o Catele. Estava lotado.
Tanto insisti que conseguimos entrar.
Como conhecia os locais onde os fatos se deram, fomos nos adiantando.
No momento em que o ator que interpretava Getúlio deu o tiro no seu peito, nós estávamos sentados ao lado da cama.
A TV Manchete nos filmou.
A peça é boa.
Um amigo,
que lá estava quando a tragédia se deu, me disse, que muitas pessoas
entraram no quarto e levaram o que puderam de lembrança.
Ele levou a Bula Papal que estava numa parede.
Todo poder longamente continuado acaba não tendo final feliz.
Com Getúlio não foi diferente.
Embora ele tenha sido honesto, os que o cercavam não eram.
Getúio disse
que nunca recebeu um só pedido que fosse para o bem do Brasil.
Todos eram para beneficiar o pedinte ou alguem de sua indicação.
Todos eram para beneficiar o pedinte ou alguem de sua indicação.
Parece que o Brasil é assim desde o nosso descobrimento.
E nesse aspecto, está infinitamente pior.