Via Cimi -
Uriba Pataxó informou que há muitos indígenas desaparecidos nas
matas que estavam fugindo do ataque da Polícia; O representante da Funai
na região, Tiago de Paula, estava na área e, segundo indígenas, também
foi agredido.
Em ação truculenta para cumprir mandado de
reintegração de posse na Aldeia Boca da Mata, a Polícia Federal com
apoio da Polícia Militar e Civil do Estado da Bahia, disparou balas de
borracha e bombas de gás contra os indígenas Pataxó. Segundo relatos, os
policiais não pouparam nem crianças e mulheres, em ação realizada por
volta de 5 horas da manhã, nesta quarta-feira (26).
Uriba Pataxó
informou que há muitos indígenas desaparecidos nas matas que estavam
fugindo do ataque da Polícia. O representante da Funai na região, Tiago
de Paula, estava na área e segundo indígenas ele também foi agredido.
“Bateram em nossos parentes, nossas crianças e mulheres. Tem índio que
ainda tá perdido no mato. Chegaram botando terror. São mais de 30
viaturas que estão no território, PF, Polícia Civil e Polícia Caema.
Então é muita policia, já chegaram espancando os índios, estamos
preocupados com nossos parentes que ainda estão perdidos no mato”,
lamenta Antônio José Pataxó, que vive na Aldeia Guaxuma, outra área de
retomada distante 11km de Barra Velha, local onde aconteceu a barbárie.
A
Polícia pretende cumprir todas as liminares favoráveis aos fazendeiros
que reivindicam a posse do território tradicional dos Pataxó. As
lideranças indígenas ainda não informaram data, mas vão se articular
para ver o que fazer diante dessa situação.
Devido a morosidade
do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em assinar as Portarias
Declaratórias, os fazendeiros estão entrando com liminares reivindicando
as terras ancestrais dos indígenas. Deixando-os vulneráveis e expostos a
ataques, um verdadeiro contexto de insegurança e violência.
São
13 portarias declaratórias de terras em todo o Brasil que estão na mesa
do ministro só a espera da assinatura. Nos últimos quatro anos, foram
três audiências dos Pataxó com o ministro da Justiça, inclusive a
última, no dia 20 de outubro deste ano, a audiência foi em uma das áreas
de retomadas dos indígenas. Onde estavam presentes o Ministério Público
Federal, a Funai e o MJ. Na reunião, ficou acertado que não haveria
ação policial contra os Pataxó, acordo violado com essa operação
violenta. Os indígenas afirmam que uma base da polícia esta instalada no
território, onde permanecerá durante três dias.
A Terra Indígena
Barra Velha do Monte Pascoal, situada nos municípios de Porto Seguro,
Prado, Itamaraju, região do extremo sul da Bahia é área tradicionalmente
ocupada pelos Pataxó, conforme vários relatos históricos desde de 1.500
e tem o território delimitado e homologado conforme processo Funai com
8.627 hectares, entretanto, os indígenas reivindicam 52.748 hectares,
área que incide no Parque Nacional Monte Pascoal, sobreposto a Terra
Indígena.
Em desacordo com a reivindicação da comunidade indígena,
a terra indígena foi demarcada em 1981 e declarada como posse
permanente da comunidade por meio da Portaria de nº 1.393, em 1982.
Área
que é insuficiente para uma população de mais de 5 mil indígenas
espalhados em cerca de 17 aldeias. Com a revisão de limites essa área
passa para 52.748 hectares, sendo que desse total, 22.500 pertence ao
Parque Nacional do Monte Pascoal , criado em 29 de novembro de 1961. Na
década de 1970, a área foi reduzida.
Devido a demora do governo na regularização territorial em abril de 2014, as lideranças e membros de várias comunidades indígenas deram início ao processo de retomadas em fazendas que estão dentro da área delimitada pela Funai, totalizando cerca de 27 propriedades, para pressionar o Ministério da Justiça a expedir Portaria Declaratória. Atualmente existem cerca de 13 interditos proibitórios, 12 mandados de reintegrações e manutenção de posse na Justiça Federal de Eunápolis e Teixeira de Freitas, aguardando cumprimento pela Polícia Federal.
Devido a demora do governo na regularização territorial em abril de 2014, as lideranças e membros de várias comunidades indígenas deram início ao processo de retomadas em fazendas que estão dentro da área delimitada pela Funai, totalizando cerca de 27 propriedades, para pressionar o Ministério da Justiça a expedir Portaria Declaratória. Atualmente existem cerca de 13 interditos proibitórios, 12 mandados de reintegrações e manutenção de posse na Justiça Federal de Eunápolis e Teixeira de Freitas, aguardando cumprimento pela Polícia Federal.