HELIO FERNANDES -
Churchill
era um bom frasista, lógico, não tão genial quanto o Millôr. Mas às vezes
acertava. Como na quase desconhecida definição da União Soviética: "É um
mistério dentro de uma incógnita". É verdade que Churchill nunca leu
Marx, não por desinteresse ou falta de tempo.
Mas Churchill era tão conservador que conservava até mesmo suposta rivalidade
com aqueles que pensavam a sociedade de forma diferente. Mudo uma palavra: não
seria rivalidade e sim exibição de ciúme. É uma injustiça que Churchill tenha
vivido antes da televisão.
Se tivesse morado no Brasil e obrigado a definir Dona Dilma, não fugiria muito
disto: "Extraordinária incompetência dentro de notável desapreço pela
cultura". E assim teria definido pelo menos quarenta anos da vida publica
de Dona Dilma. Sem exagero ou parcimônia na utilização das palavras.
Os Institutos que fazem pesquisas nacionais, logo de saída jogaram Aécio Neves
para o ostracismo eleitoral. Nem se deram ao trabalho (era obrigação) de fazer
simulação Dilma-Marina, por que não mostraram ao cidadão-contribuinte-eleitoral
a mesma simulação entre Marina e Aécio? A palavra simulação é autoexplicativa.
Surpreendentemente o próprio Aécio em vez de se insurgir contra a
discriminação, aceitou passivamente a omissão, incorporou-a ao seu dia-a-dia
eleitoral. Assim não pode nem reclamar: os Institutos têm razão, a sucessão
presidencial tem apenas dois candidatos.
O que sobrou para Aécio, diante da omissão dos Institutos e dele mesmo? Não
pode ficar vagando pelos "grotões e igarapés" do debate eleitoral.
Tem três decisões ou opções. 1- Renunciar, por falta de votos. 2- Apoiar Dona
Dilma, mas como fará essa "transposição do São Francisco" com tudo o
que Dona Dilma representa e ele fingia combater? 3- Apoiar Dona Marina, e por tanto
deixar explicito que concorda com as mudanças que ela prega, embora ele não
tenha tido coragem publica de pregar. O terrível e até melancólico para Aécio:
receberá aplausos no caso de renuncia. Indiferença total, apoiando Dilma ou
Marina. Não conseguirá transferir o próprio voto.
Dona Dilma "defende" o
ministério de 39 ministros
Aceitando que são e serão apenas dois presidenciáveis, Dona Dilma resolveu
acertar a pontaria, regulando-a para atingir Dona Marina. Nada de reprovável se
fosse estratégia de campanha, quando diz, "não se pode governar sem apoio
político". Não era construção e sim reprovação à sua própria administração
(?) que não demitiu um só dos 39 ministros.
Mesmo com esse surrealismo e calamitoso sistema presidencialista-pluripartidário
(que não existe em NENHUM país), poderia ter reduzido os ministeriáveis. Não
precisava ficar na demissão dos sete do primeiro ano, substituídos por outros
dos mesmos partidos, atingidos
pelos “malfeitos”. (palavra exclusiva do dicionário de Dona Dilma, que usa e
abusa dela).
Com 32 partidos, pode ser feito um mau
ou bom acordo
Eleita, Dona
Dilma tem que tomar posse com as negociações feitas entre outubro (se não
houver segundo turno) e janeiro, eleição e posse. Não precisa atender
reivindicações de todos os partidos. Pelo menos vinte, existem por causa do
Fundo Partidário e do horário eleitoral.
Com raros
tempos de democracia parlamentar que o país conheceu, foram feitos vários
acordos. Magnificamente identificados como “troca-troca”. Era exatamente isso o
que aconteceu. Esses tempos foram curtos e raros.
Excluindo os
41 anos de “república velha” e de partido único, os 15 anos da ditadura Vargas,
os 21 da ditadura dos generais, os sete meses de Janio e suas consequências, os
13 meses de Café Filho e suas conspirações baratas e mesquinhas, o que sobrou?
Incompetente, imprevidente, inconsciente
A campanha
eleitoral de Dona Dilma está inteiramente abandonada, deixando a candidata
desarvorada. Ela comete suicídio eleitoral, quando chama a atenção para a “importância
de saber governar”.
E diz sobre
Dona Marina: “Ela não têm nenhum conhecimento para presidir o país”. E
completa, textualmente, prevendo: “Ela será uma catástrofe inimaginável”.
Não devia
tratar do assunto, “prevendo” coisas, quando seu governo é uma realidade
“catastrófica”, realidade e não previsão. Qualquer que seja o ângulo, todos
podem utilizar palavra “ruinoso” (e irrecuperável se ela tiver outro mandato),
deixando o país á beira da falência, já em recessão.
E sobre a
crise mundial, Dilma e seu Ministro da Fazenda, retumbavam: “Essa crise só
chegará ao Brasil como marolinha”. Textual.
PS- O senador
Agripino Maia, coordenador da campanha de Aécio, “acenou” para uma possível
aliança com Dona Marina, num suposto seguindo turno, ou até mesmo agora, ainda
no primeiro.
PS2- Ninguém
explicou como isso seria feito no momento, em plena campanha, quando supostamente
poderia haver alteração. Num segundo turno poderia recomendar qualquer das duas
candidatas.
PS3- Mas
Agripino Maia está sendo criticado dentro e fora da campanha de Aécio, porque
não deixou duvidas: “A prioridade é derrotar o mal maior que é o PT”.
PS4- Gostando
ou não gostando da afirmação feita pelo senador, a verdade é incontestável:
Aécio ganhou espaço na mídia, coisa que não vinha acontecendo.
PS5- Até
órgãos impressos e expressos que visivelmente estão contra Dona Marina, deram
cobertura á afirmação. Agripino Maia ganhou aplauso como estrategista
eleitoral.