6.6.14

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO 6 DE JUNHO DE 2013. O MISTÉRIO DAS DUAS CPIs

HELIO FERNANDES

Até agora ninguém sabe se a CPI do Senado morreu, se vai ser fundida com a CPI mista, ou se continuará vivendo e existindo. Três grupos lutam por uma dessas “soluções”. Mas todos só dizem alguma coisa depois de conversar (com quem?) no Planalto. 

180 dias da CPI quando terminam? 

Sobre essas três possibilidades, o Planalto vai decidir qual é a mais danosa para Dona Dilma e sua candidatura. Mas em relação ao prazo, é de 180 dias, seis meses. Quer dizer: a CPI ultrapassa a eleição, pode explodir no segundo turno, se existir. Vexame completo, vergonha para todos os lados. 

Convocação do ex-diretor em LIBERDADE 

Finalmente depois de muita divergência, Paulo Roberto Costa vai depor na próxima terça feira. Movimentou 10 bilhões, ganhou a liberdade. Dona Graça diz que não pode depor contra ele. Nos dois depoimentos, (no terceiro não falou sobre ele), garantiu: “Só encontrei com ele uma vez”. Os dois têm dezenas de anos de Petrobras e só se encontraram uma vez? 

O perigo do cartão parcelado e do cheque especial 

O consumidor, na ânsia de comprar, e muitas vezes na necessidade e obrigação de consumir para viver e sobreviver, vão comprando de todas as formas. Às vezes nem sabem quanto pagam de juros. Existem duas fórmulas, financeiramente suicídios. E mortais.

1 – Cartão de crédito ou de débito, parcelado. É a maior armadilha montada pelos bancos contra o cidadão. Cobram 10, 11 e às vezes até mais, mensalmente. Por ano chega a 200 e até 300 por cento, “juros sobre juros”, como se aprende na escola primária.

2 – O outro subterrâneo no qual o cidadão mergulha e não sai mais, é o famigerado crédito especial. A fórmula é a mesma, trágica, cruel, que leva ao desespero o cidadão e à felicidade os donos dos bancos.

Vão comprando, escalonando, não sabem em quanto são roubados. Não há um jeito de haver esclarecimento, para que esse suicídio não se concretize? 

Os poderosos banqueiros sanguessugas 

Ninguém pode fazer nada. Agora está sendo julgado nos dois mais altos tribunais do país, a questão dos prejuízos de centenas de milhares de cidadãos. Foram roubados, (é a palavra a partir de 1990 em diante, os bancos acumularam). 

José Roberto Cardoso quer ir para o Supremo 

Antes mesmo de ser empossado, não escondia: “Quero que minha carreira se encerre no Supremo”. Dona Dilma precisava dele, disse apenas, “depois”. Mas não será agora, na vaga de Joaquim.

Se Dilma for reeleita, terá muitas vagas para ele. Ministros da Justiça foram para o Supremo, o inverso também já ocorreu. Sem surpresas, apenas pela “expulsória constitucional dos 70 anos”, Dona Dilma terá muitas vagas para preencher.

Celso de Mello em menos de 2 anos. Marco Aurélio em 3. Lewandowski, que assume a presidência agora, deixa o Supremo no início de 2018, Dilma sai em janeiro de 2019.

Rosa Weber e Teori Zavascki completam 70 anos em 2019, Dona Dilma já fora do Poder. Se for mantido nele, apesar das tremendas dificuldades que criou para si mesma. Mas não para seu Ministro da Justiça, que com reeleição, continuará no cargo. 

Um grupo do PT resiste a Maluf 

O partido inteiramente “rachado”, embora Lula consiga controlar tudo. Ou quase tudo. Quando lançou a candidatura Haddad a prefeito, foi à casa do próprio Maluf, coordenou o apoio do ex-prefeito. Saiu nas fotos, na televisão. Agora não queria que Maluf apoiasse Padilha para governador.

Só que Dona Dilma não resiste a qualquer “parcela” de tempo na televisão, mesmo que seja 1 minuto e 17 segundos. O ex-Lula foi contra esse acordo, não admitiu nem telefonar para Maluf. Acusado de corrupção na construção da “marginal”. (Nome que Maluf escolheu baseado na sua própria imagem).

Agora, um grupo da cúpula do PT, engrossa e quer desfazer o acordo com o ex-prefeito. Dona Dilma não admite. 

A democracia-ditatorial de Assad na Síria em terrível guerra civil 

Quase três anos de mortes brutais do povo, o ditador da Síria há 14 anos no Poder, com “eleição” exatamente igual à de agora. Fora o tempo em que ficou no cargo.

Com 168 mil mortos e mais de um milhão fugidos obrigatoriamente para fora do país, ganhou mais sete anos. Só votaram os que ainda vivem no seu setor.

Nas cidades dominadas pelos rebeldes, não houve votação. Assad somou 87 por cento dos votos. E a ONU e mundo não protestam contra esse tipo de democracia ditatorial? Enganou até o presidente dos EUA, que fez ameaças, intimidação, bravata, nada mais do que isso. 

A política do Rio vai se confirmando 

E Pezão se garantindo, indo para bem longe dos adversários. Só quem pode dar uma recuperada e afrontá-lo: Lindberg e Garotinho. Mas difícil. Pezão como governador, inteiramente diferente do vice. 

Cabral será mesmo candidato a senador 

Não tem outra saída. Se ficar sem cargo, ostracismo completo, seus projetos para 2018, sejam quais forem, enfraquecidos. Esperava conhecer os adversários. Eleitoralmente respeitava Dornelles e Jandira Feghali. Agora, decidiu. 

Que ninguém se esqueça do 6 de junho de 2013 

Hoje, um ano dos primeiros, gloriosos e admirados protestos contra a incompetência e a imprudência dos poderes. Foi o aparecimento dos manifestantes do “Passe Livre”, aplaudidos e admirados pela comunidade. Seus brados retumbantes, atingiram os que só queriam o poder e o enriquecimento, repercussão enorme. 

“Vocês não nos representam” 

Quando pronunciavam essa frase visando diretamente o Legislativo e o Executivo, medo, susto, pânico. Mais de 200 ou 300 mil pessoas no Rio e em São Paulo. Parecia uma verdadeira Revolução da Comunidade. 

A mudança inesperada 

Neste ano decorrido, façamos reflexão ligeira, constatemos e contabilizemos os ganhos democráticos que aparentemente vinham para ficar. Os representantes dos dois Poderes também concluíram com esse resultado, mas logo tudo mudava. 

A PEC 37 

Deputados e senadores se preparavam para votar a emenda constitucional que tinha esse nome, cassava os direitos do Ministério Público fazer investigação e a consequente denúncia.

Essa PEC 37 que ia ser aprovada como represália à atuação do Ministério (um avanço da Constituição de 1988) e voltaram atrás, VETARAM essa emenda, também por unanimidade. 

Corrupção: “crime hediondo” 

É evidente que o povão era contra a corrupção. Mas não pedia tanto. Inesperadamente tudo mudou, os membros dos dois Poderes perceberam, voltaram a dominar tudo. Conclusão melancólica: as ruas ficaram vazias e silenciosas. O que parecia promissor, ficou apenas constrangedor. 

As ditaduras, de 30-37-45 e a de 64-85, perderam todas as Copas

PS – Na primeira em 30, Vargas estava a caminho do Poder. Em 34 transformou a eleição direta em indireta, se manteve. Em 37 rompeu tudo, tirou a máscara, implantou a ditadura do Estado Novo. Não ganhou 38. Em 42 e 46 não houve. 

PS1 – Derrubado em 45, voltaria em 50, numa das eleições mais tumultuadas. No “maracanazo” ainda não estava no poder. O Brasil perdeu, ele se elegeu em outubro. Não ganhou em julho de 54, iria embora em agosto, o único ato genial de sua vida sempre rondando ou se atrelando ao cargo máximo. 

PS2 – A segunda ditadura que fragilizou o país para sempre, assumiu em 1964. Logo em 66, na Inglaterra, tivemos o primeiro grande fracasso depois do “maracanazo”. O Brasil foi logo eliminado na chave, vergonha e vexame. Perderam a seguir em 1974, 78, 82, 86, já na transição dominada pelos militares. 

PS3 – Pulei 1970, deliberadamente. Essa seleção venceria a de qualquer país, “governada” por estadistas ou carrascos. Lincoln, Hitler, Roosevelt, Stalin, De Gaulle, Churchill, qualquer um levaria essa seleção ao pódio da vitória e da consagração. 

PS4 – De 30 a 45, de 64 a 85, não ganharam uma só Copa do Mundo. Adorariam, festejariam, seriam capazes de garantir um período sem tortura. Não foi possível. 

PS5 – Hoje, em São Paulo, o último amistoso quase inamistoso da seleção brasileira. A Sérvia é o Panamá do outro lado do mundo, o resultado terá que ser o mesmo da terça feira. 

PS6 – Na verdade, a pergunta obrigatória: Neymar terá a mesma atuação? É evidente que um jogador sozinho não ganha jogo, mas ajuda muito. 

PS7 – Se Neymar não estivesse em campo contra o fraquíssimo Panamá, o resultado teria sido o mesmo?