7.6.14

Comitê Popular defende protesto na Copa devido a remoções e alta de preços

Via UOL -
Maracanã, reformado por mais de R$ 1 bilhão, é legado da Copa contestado no Rio.
Especulação imobiliária, remoções de famílias de suas casas, aumentos abusivos de preços e até a criminalização de movimentos sociais. Se você ainda tem dúvida se Mundial de 2014 vai ser benéfico para o Rio de janeiro, membros do Comitê popular da Copa do Mundo e Olimpíadas têm certeza que não. Para eles, não faltam motivos para protestar contra o torneio. Todos essas razões estão listadas no dossiê Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Rio de Janeiro, lançado nesta sexta-feira.

O dossiê é um documento elaborado pelo próprio comitê sobre todos os problemas causados ou agravados pela Copa do Mundo ou a Olimpíada de 2016, que acontecerá no Rio. A publicação é resultado de pesquisas e reuniões realizadas pelo grupo desde o início da preparação da capital fluminense para os dois maiores eventos esportivos do mundo.

"Não somos contra os eventos esportivos, mas eles aceleraram medidas questionáveis", afirmou Giselle Tanaka, membro do comitê. "Por isso, a população foi para a rua no ano passado. Por isso, iremos para rua nesta Copa".

Segundo o dossiê, esses eventos ajudam a promover uma "limpeza social" da cidade. Essa "limpeza" remove famílias mais pobres de regiões beneficiadas por investimentos públicos e que, portanto, estão se valorizando.

Um levantamento feito pelo comitê e publicado no dossiê Megaeventos aponta que 9.688 famílias do Rio estão ameaçadas ou já foram removidas por causa desse processo. Cerca de 300 delas tiveram que deixar suas casas para a construção do BRT (Bus Rapid Transit) Transcarioca, obra mais cara da Copa de 2014. Inaugurado no domingo, o corredor de ônibus custou R$ 2,2 bilhões.

Ainda de acordo com o dossiê, as remoções colaboram com o aumento da especulação imobiliária no Rio. Levantamentos incluídos no documento apontam que o valor dos aluguéis do Rio de Janeiro subiu 43,3% de abril de 2011 a abril de 2014 (36 meses). Em São Paulo, no mesmo período, o aumento foi de 26,6% --perto da metade do registrado no Rio.

No Rio, o preço dos imóveis, para compra, também subiu mais em outras capitais. Na capital fluminense, o aumento foi de 65,2%. Em São Paulo, os preços subiram 58,9%.

Contudo, não foram só o preços dos imóveis e o valor dos aluguéis que subiram, segundo o Comitê Popular da Copa. "O Rio de Janeiro está se tornando uma cidade cada vez mais cara e desigual. O carioca também sofre na hora de pagar a conta nos restaurantes, bares e supermercados na cidade", ressalta o dossiê.

Preços de alguns pratos tornaram-se surreais. "Em Copacabana, um omelete de camarões grandes chega a custar R$ 99,10. Uma receita semelhante (seis camarões e quatro ovos) em Nova York custa o equivalente a R$ 40,05", descreve o dossiê.