SEBASTIÃO NERY –
Gilberto Freire, pai da sociologia brasileira (e da
antropologia também), cabeleira castroálvica, rosto nobre, longas mãos
aristocráticas, o mestre de Apicucos, como o batizou seu talentoso e dileto
discípulo Sileno Ribeiro, com 20 anos já estava fazendo pós-graduação em
Ciências Jurídicas, Políticas e Sociais nos Estados Unidos, depois Londres,
Paris. Com 23 anos, de volta ao Brasil, organizou o livro do primeiro
centenário do “Diário de Pernambuco”. Em 1945, no fim da ditadura Vargas,
ajudou a fundar a Esquerda Democrática, que depois veio a ser o Partido
Socialista Brasileiro, o do competente governador Eduardo Campos, pelo qual se
elegeu para a Constituinte de 45 em Pernambuco.
Orador oficial do
comício que recebeu Luís Carlos Prestes no Recife, saindo de dez anos na cadeia
da ditadura, Gilberto Freire deixou a multidão em silêncio quando abriu o
discurso citando o filosofo espanhol Unamuno: “Ave ferida, pelicano rasgado em
pleno peito.”
GILBERTO
A Liga Eleitoral
Católica, irritada, vetou seu nome para deputado-constituinte. Monsenhor Sales,
vigário de Soledade, todo rendado, rosto massageado, cabelos empoados e
oratória barroca, sempre que via, entre os fiéis, dona Madalena, mulher de
Gilberto, desancava-o no sermão, proibindo votar nele. Gilberto Freire
respondeu nos jornais do Recife:
- Eu não digo que
monsenhor Sales não deva usar algum carmim. Mas que use tanto quanto está
usando, é demais.
Monsenhor Sales calou,
Gilberto se elegeu.
O povo brasileiro
também não diz que a presidente Dilma e o ministro Mantega não devam usar
alguma mentira. Mas que usem tanto quanto estão usando é demais. Agora, tudo
que dizem é falso, é mentira. Você abre “O Globo”, até o dócil e servil Globo, e está lá a manchete :
-“Contas
Externas do Pais Têm Maior Rombo Desde 1947”.
E Dilmentira mentindo, mentindo. No outro dia, nova manchete :
- “Previdência de Servidor Tem Rombo de 78 Bilhões”
E Dilmentira mentindo, mentindo.
INFLAÇÃO
Com a inflação é um
escarneo. Nos últimos doze meses (novembro
de 2012 a novembro de 2013) o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), que mede a
taxa inflacionária, foi de 5,77%. Esta é a inflação oficial divulgada pelo
governo. Para atingir essa taxa de 5,77%, a manipulação ficou clara quando se
vê o estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos doze
meses, os “preços livres de mercado” cresceram 7,30%. Já os “preços
administrados” pelo governo foram “reajustados” em 0,94%. As tarifas públicas
represadas, não reajustadas, com a Petrobrás sendo a maior vítima mas não a
única, estão “segurando” a inflação. Verdadeira bomba de efeito retardado.
E Dilmentira mentindo,
mentindo.
DÍVIDA
O economista e
professor Helio Duque, varias vezes deputado pelo MDB e PMDB do Paraná, um guru que não mente, me chama a
atenção:
1. - “A conta das distorções na
economia brasileira será paga pela sociedade, diante dos esqueletos da mágica
contábil que vêm sendo cobertos pelo endividamento do Estado. A dívida pública
bruta que engloba todas as dívidas da União, Estados e municípios pelo critério
universal do FMI (Fundo Monetário Internacional) cresceu, expressivamente, no
governo Dilma Rousseff. Está em 68,3% do PIB. A media dos países emergentes é
de 35% do PIB. O Brasil, na aritmética da adulteração contábil, vem adotando o
conceito de dívida líquida. Expurga várias operações do Banco Central com
títulos públicos e outros macetes, divulgando que ela é de 35,4% do PIB. E a
maioria dos brasileiros acredita. Para a economia mundial o critério respeitado
e usado é de dívida bruta. No Brasil, além das operações do BC, o governo
desconta as reservas aplicadas em dólares para adotar o malabarismo de dívida
líquida.”
2. – “Cinicamente, de maneira surreal, o ministro Guido Mantega, da
Fazenda, em surto de inteligência que nele é incomum, reconheceu:
- “A economia está
crescendo com duas pernas mancas”.
Certamente uma delas é
a manipulação da inflação, onde ele e Dilma são os grandes responsáveis.Quando os brasileiros despertarem da
anestesia em que vivem vão pagar o preço gerado pelo
acúmulo de incompetências”. Nas redes sociais, Mantega já virou Mentega e Dilma é Dilmentira.