Por ROBERTO REQUIÃO -
O Brasil está desempregado, a renda do trabalhador está caindo, milhões de pessoas estão escravizadas pela taxa de juros, e a proposta do candidato Bolsonaro para o país é mandar prender senadores e fechar o Supremo Tribunal Federal. É uma completa inversão de valores num momento em que deveríamos estar todos unidos na busca de uma política de pleno emprego, isto é, de uma situação no mercado de trabalho na qual todos os trabalhadores aptos e dispostos a trabalhar encontrassem trabalho remunerado.
Essa política de pleno emprego, similar à que foi praticada na Europa Ocidental e nos Estados Unidos ao longo do quarto de século depois da Segunda Guerra, é não apenas possível como absolutamente necessária para pacificar a sociedade brasileira. O desempregado perde a honra. Na Grande Depressão dos anos 30, foi uma política de pleno emprego, comandada por Roosevelt nos Estados Unidos e pelo gênio econômico Schacht na Alemanha, que tirou os dois países de uma situação de penúria, com 25% de taxa de desemprego e uma total desorganização da economia, devida à subutilização da capacidade produtiva.
Podemos partir para uma política na qual todos os brasileiros aptos e dispostos a trabalhar encontrem ocupação remunerada no mercado de trabalho. É uma questão de vontade política do governante, mobilizando todos os recursos públicos para isso. E isso Haddad tem como mobilizar sem inflação. Contra ele e contra o país encontraremos apenas as forças reacionárias e desumanas comandadas por Bolsonaro que só tem propostas de violência e, na prática, ignora o problema do desemprego e a crise social que acarreta. É preciso, pois, tirar do horizonte brasileiro esse farsante.
Temos um programa completo de promoção do pleno emprego a ser aplicado por Haddad. Já o enviamos para amplo debate no país. Garantimos à sociedade brasileira que, em não mais que dois anos, traremos a taxa de desemprego aberto do atual nível de 13% para não mais que 3% - o que se chama desemprego friccional, quando os trabalhadores estão mudando de um para outro emprego. Em números absolutos, isso significa reduzir o número atual de 13 milhões de desempregados para nada mais que 3 milhões, com redução também do subemprego. Todos os trabalhadores estarão virtualmente empregados.
Nossos economistas sabem como fazer isso. Já estão com o programa de pleno emprego pronto. Não se confundem com essa figura patética de Paulo Guedes, o gênio econômico de Bolsonaro, que só fala em vender estatais por 800 bilhões de dólares sem deixar claro sequer o que fazer com esse dinheiro. Será acaso construir outras estatais ou simplesmente entregar o dinheiro aos banqueiros? Aliás, como seu chefe foge de debates, seu assessor genial está desafiado a debater com qualquer dos três economistas que trabalharam em nossa proposta de pleno emprego, Luiz Gonzaga Belluzzo, Márcio Pochmann ou José Carlos de Assis.
Nossa proposta chamada de “pleno emprego, trabalho aplicado” está muito bem fundamentada num programa indiano considerado “estelar” pelo Banco Mundial. Os desempregados receberão bolsas do Governo para trabalhar na urbanização e saneamento das favelas e, em tempos de seca, no campo. É o programa Cidade Cidadã. Na medida da redução drástica do desemprego, poderemos atacar conjuntamente os outros problemas sociais das metrópoles, ou seja, de saúde, educação e segurança. Também isso está planejado. E nós sabemos fazer, ao contrário de Bolsonaro, fantasma ambulante do neoliberalismo que não sabe fazer nada, apenas falar grosserias.
*Roberto Requião é senador da República em seu segundo mandato. Foi governador do Paraná por três mandatos, prefeito de Curitiba e deputado estadual. É graduado em direito e jornalismo com pós graduação em urbanismo e comunicação. É capitão do Exército Brasileiro, reformado.