JEFERSON MIOLA -
Em entrevista a Mônica Bergamo, na Folha, Luís Roberto Barroso fez uma acusação de extrema gravidade. O trecho a seguir da entrevista é estarrecedor, em se tratando de afirmação de um juiz da mais alta corte judicial do país:
“[…] E ainda assim, no Supremo, você tem gabinete distribuindo senha para soltar corrupto. Sem qualquer forma de direito e numa espécie de ação entre amigos.
Que gabinetes, ministro? (sorri e fica em silêncio).
O senhor não acha um risco o senhor falar de forma genérica? Tem gabinetes. [seguindo] Quando a Justiça desvia dos amigos do poder, ela legitima o discurso de que as punições são uma perseguição”.
Após a entrevista, Barroso publicou a seguinte nota:
“Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, fiz uma análise severa da extensão e profundidade da corrupção no Brasil e uma crítica à própria atuação do Supremo Tribunal Federal na matéria. Todavia, o tom excessivamente ácido que empreguei não corresponde à minha visão geral do Tribunal. Há posições divergentes em relação às diferentes questões e todas merecem respeito e consideração”.
Na manifestação genérica e circular do Barroso, só faltou o essencial: ou a apresentação da prova para embasar a denúncia/acusação, ou um taxativo desmentido acompanhado de um pedido de desculpas.
Não é razoável que um juiz do stf faça uma denúncia dessa gravidade e tudo fique por isso mesmo.
Barroso, uma espécie de esfinge da “liga da justiça e da moralidade”, está entre a cruz e a espada: ou comprova a acusação e apresenta os culpados, ou responde no Senado por crime de responsabilidade, nos termos do artigo 52 da Constituição que ele tanto espezinha e despreza.