Por PAULO METRI -
Sense8, dos irmãos Wachowski, os mesmos responsáveis por Matrix, foi um sucesso de audiência em diferentes faixas etárias. Uma possível razão para esta aceitação é a diversidade de personagens vindos de vários países do globo, trazendo seus hábitos, suas culturas e, mesmo, suas características pessoais. Mas deve ter influenciado muito o fato da série ser uma mensagem muito clara de como é bom viver em um sistema de relações humanas fraternas e solidárias.
Se um dos personagens está sendo atacado por uma gangue de malfeitores, outros personagens aparecem para socorrê-lo, alguns com conhecimento de artes marciais e outros como simples campeões de luta de rua. Se um necessita de conhecimentos de química, a especialista em química aparece e o ajuda. Enfim, todos estão sempre à disposição dos demais para o que vier a acontecer. Trata-se de uma comunidade de pais, ou seja, cada um é um pai ou uma mãe dos demais.
A razão da descontinuidade seria uma dificuldade de dar nexo à continuação da história, que ainda prendesse os espectadores? Acredito que não, pois os roteiristas de continuações de sucessos, habitualmente, são muito criativos. Até uma explicação plausível para Hannibal ser canibal foi conseguida. Também, a crueldade do Lorde Vader de Guerra nas estrelas teve uma explicação aceitável para os adeptos deste conjunto de filmes. Até Norman Bates, o assassino do filme Psicose, foi “justificado”.
O espectador se delicia com um mundo de respeito, aceitação, em que o mais frágil dos seres não se sente acuado pelos fortes, em que não há a exploração dos poderosos, quer sejam os ricos, os membros de aparatos opressores do Estado ou as corporações donas de alto desenvolvimento tecnológico. Pois é, o filme leva à dedução que, se os mais explorados da sociedade tiverem o auxilio de pessoas justas para comandar o Estado (com alguns superpoderes, também ajuda!), o socialismo seria naturalmente implantado. Através desta ficção é transmitida muito bem a mensagem que um mundo muito melhor é possível. E que, quando as pessoas ajudam umas as outras e não há ganância, o mundo se torna maravilhoso.
Viajando do imaginário para o real, desembarcamos no Brasil de hoje, a antítese do mundo sonhado. Aqui, os mandatários roubam desbragadamente, até recursos que iriam para a saúde e a educação. Aliás, pasmem!, até para a vacinação infantil. Além disso, eles mentem muito e, com auxílio da mídia, que lhes pertence, manipulam descaradamente a sociedade para que seus erros não sejam descobertos.
Cidadãos, não esperem até uma medida de Temer lhes atingir de forma contundente. Sejam solidários com as diversas categorias de atingidos mortalmente até hoje, porque seu dia chegará e você precisará da solidariedade deles. Diga-se, de passagem, que não há um brasileiro que, atualmente, não tenha sido atingido, de alguma forma, pelo grupo que roubou o poder em 2016. Na melhor das hipóteses, pelo péssimo desempenho da economia, que este grupo nos está impondo, e pela permissão destes governantes para que grupos estrangeiros retirem trilhões de dólares em recursos naturais do país ou recebam como receptadores patrimônios do povo. A bem da verdade, não sei nem como deixaram a série Sense8 ser lançada.
*Via e-mail/Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia e vice-presidente do CREA-RJ
*Via e-mail/Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia e vice-presidente do CREA-RJ