3.12.17

DEPUTADO PAULO RAMOS COM A PALAVRA - PARTE V

SOLANGE RODRIGUES, MÁRIO A. JAKOBSKIND e ANDRÉ MOREAU -

"(...) Eu defendi o Estado Democrático de Direito, esse foi o meu voto. (...)"


A única possibilidade de reverter esse quadro de retrocessos que estamos vivenciando é com um projeto nacional de unificação do campo progressista, esta é a tônica desta parte da entrevista com o Constituinte e Deputado Estadual, Paulo Ramos.

E o que mais se poderia esperar de um parlamentar que sempre lutou contra a ditadura!

"(...) Dentro de todo esse emaranhado e o massacre muito grande em relação a minha posição, o Estado Democrático de Direito, sem nenhuma dúvida, não é um pedaço aqui, outro pedaço ali. É que nós estamos vivendo um grave retrocesso. Hoje (22), eu reuni o gabinete inteiro, porque o pessoal do gabinete, aquele que fica na rua ouvindo 'o Paulo Ramos é um traidor'... E disse, eu continuo convivendo com brasileiros que foram presos, torturados, banidos e exilados. Convivo com familiares de desaparecidos políticos. Convivo com aqueles que se sacrificaram para conquistar esses espaços de liberdade que estão sendo sufocados progressivamente. E nós corremos o risco de perder esses espaços. Porque eles proclamam a possibilidade de preservação desses espaços, mas eles querem também impedir as manifestações mais coletivas. E o projeto que está em curso é o mesmo projeto da ditadura (...)"

Paulo Ramos chama os leitores para a realidade dos fatos, face aos desmontes da Petrobrás; a paradeira do Projeto Nuclear - com a prisão kafkiana do Almirante Othon Pinheiro; a privatização da Eletrobrás; o desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a entrega da Base de Alcântara para os EUA; a venda a preço de banana de terras do Brasil, para estrangeiros; tudo isso, sem o uso de armas, ao contrário do que fizeram nos países do Oriente Médio, com destaque para a Líbia que vem fazendo leilões pela Internet, para vender escravos.

"(...) 2018 (as eleições) estão correndo risco. Elaborar um projeto nacional e unificar o campo progressista. Unificar para ganhar as eleições, porque é a única possibilidade de reverter esse quadro. (...)"

O Deputado Paulo Ramos foi além.

"(...) Essa insinuação de intervenção no Rio de Janeiro. Já estão dizendo, é só colocar na CBN... O Supremo Tribunal Federal vai ter que assimilar e ou, não sei como vai ser, esse confronto com o Congresso Nacional. (...)"

A realidade, no entanto, é que sem a mobilização dos mais pobres, dos que mais se beneficiaram nos últimos governos Lula e Dilma, como os negros que de 441 mil universitários, passaram para 1,6 milhão de estudantes, de acordo com informações de Tereza Campello, Ministra de Desenvolvimento Social do Governo Dilma Rousseff, será difícil conter a sanha dos golpistas.

"(...) Nós não temos, hoje, nenhuma organização que nos mobilize, que nos aproxime, então nós ficamos assim, divididos, para variar... (...)"

E as Organizações Globo, obstinadas no plano de colocar o povo contra o povo, vem conseguindo dividir a sociedade com a narrativa de ódio que atravessa toda a sua grade de programação.

Realmente, quando se fala em luta contra o monopólio das comunicações, as elites ou aqueles setores da classe média que trabalham para as elites e delas dependem, correm visando assassinar o nosso idioma pátrio. Quando o monopólio dos barões da mídia são minimamente ameaçados, a luta pela informação, de igual para igual, vira sinônimo de terrorismo.

"(...) Ontem (21), nós votamos na Assembléia Legislativa um projeto do Deputado aqui de Niterói, o Waldeck. 'O Dia Estadual de Luta Contra o Monopólio da Comunicação'. Aí, olha que coisa esquisita, foi lá (na tribuna) o Deputado Flávio Bolsonaro, dizer sabe o que: 'eles estão defendendo é a censura'. Olha que absurdo. Se um dos pontos da luta contra a ditadura, foi acabar com a censura, a falta de liberdade de expressão. O próprio cara que defende a ditadura, atribuiu que aquilo era censura. O monopólio é que é censura, porque oculta a possibilidade de outras opiniões. Eles chamam de liberdade de expressão o monopólio. (...)"

É hora, portanto, de pensar nessas ameaças a soberania nacional. É hora de transigir a letargia gerada artificialmente pelos meios de comunicação conservadores, antes e depois do último golpe de estado. Ou nos levantamos agora ou caminhamos de joelhos, como escravos, em direção ao patíbulo. Quadro semelhante ao instalado hoje na Líbia, no qual parte do povo, é vendida como escravo e a outra parte, formada por mercenários, se alimenta e vegeta com as guerras alheias.

É sempre bom lembrar, nessas horas, de Dolores Ibarure: "é melhor morrer de pé do que viver de joelhos."

* Via e-mail/Mário Augusto Jakobskind, é Professor, Jornalista, Escritor, vice-presidente na Chapa Villa-Lobos, arbitrariamente impedida de concorrer à direção da ABI (2016/2019) e Coordenador de História do IDEA, Programa de TV., transmitido pela Unitevê, Canal Universitário de Niterói, Universidade Federal Fluminense (UFF). ** Solange Rodrigues, é Professora, Jornalista, Escritora e Coordenadora de Filosofia do IDEA. *** André Moreau, é Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos D Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA) e Diretor do IDEA.