DANIEL MAZOLA -
Com as novas mudanças anti-trabalhador aprovada no
Senado, denominada "reforma trabalhista", passaremos a viver um
capitalismo sem direito do trabalho, leia-se: barbárie! Diante do
gravíssimo quadro e atrás de respostas, fui ao encontro do lutador Eusébio
Pinto Neto (foto), presidente da FENEPOSPETRO e do SINPOSPETRO-RJ, vice-presidente da
Força Sindical no Estado do Rio de Janeiro.
O dirigente representa 500 mil trabalhadores em
postos de combustíveis no Brasil, e jamais perdeu seu contato com a base,
diariamente conversa com os frentistas sobre as lutas e demandas da categoria e
os rumos da política nacional. “Diante da situação que está colocada,
o movimento sindical terá que se reinventar. Agora temos um período de quatro
meses para entrar em vigor essa nova lei que foi sancionada, e temos a
possibilidade de uma regulamentação de medidas provisórias que estão sendo
negociadas no Congresso para sabermos exatamente como ficará a legislação das
leis trabalhistas. O fato é que precisaremos repensar o movimento sindical em
toda sua estrutura”, explica Eusébio P. Neto.
Segundo
o sindicalista vendeu-se muito através da chamada “grande imprensa” a ideia que
o imposto sindical tira dinheiro do trabalhador, “mas a verdade é que
retirando o imposto sindical retira-se o pilar da unicidade, da estrutura
sindical brasileira, retirando esse imposto desmonta esse modelo, (...) estão
impondo o novo modelo apenas para contemplar os empresários, sem debater, só para
atender o setor patronal, modelo criado dentro da CNI. É praticamente a volta
da escravidão, em alguns casos os trabalhadores não terão representação de
nenhum sindicato, ficarão totalmente fragilizados, tendo que negociar sozinho
com o patrão. Isso em um país como o nosso, com cultura empresarial
escravagista, onde temos empresários egoístas, oportunistas e imediatistas
(pelo lucro). No setor dos postos de combustíveis a maioria dos patrões é
retrógrada, não tem compromisso com o ser humano, só visam os lucros. E
imaginem então como será na área rural, onde os assassinatos dos que
reivindicam seus direitos são comuns”.
“O poder do capital articulado, venceu os trabalhadores no Congresso
Nacional (...), é hora de aprendizado, a população precisa refletir em quem
votar ano que vêm, escolher melhor seus representantes, principalmente no
Congresso. Vejo com muita preocupação esse momento, todas as instituições estão
desacreditadas, inclusive a mídia, que mente e destorce a realidade para a
população, favorecendo os interesses do capital (...). Entendo que é necessário
reestruturarmos as instituições e defendo chamarmos uma assembleia nacional
constituinte, com pessoas independentes, da sociedade civil, sem mandato
político, assim teremos condições de reestruturar o arcabouço jurídico e as
instituições. Nosso judiciário não é mais compatível com os interesses do
conjunto da sociedade, temos juízes no STF que estão partidarizados, sem falar
do Ministério Público e da Polícia Federal, precisamos alterar tudo isso”, frisou
Eusébio P. Neto. “Sei que cometemos erros enquanto movimento sindical, mas
com empenho e ações vamos resistir (...). Precisamos investir nas bases e
estimular a consciência de classe dos trabalhadores, mostrar de forma didática
a realidade social e a necessidade de mudanças, que só ele, trabalhador, será o
protagonista dessas mudanças para melhoria da qualidade de vida”, conclui.
Eusébio
P. Neto questiona como o trabalhador vai cobrar dos patrões seus direitos sem
uma organização sindical forte? “Como o movimento sindical vai viver só de
contribuição dos associados, isso em um país onde todos vivem dos impostos,
inclusive o patronal com o chamado sistema “S”, que leva o dinheiro do
trabalhador via imposto”. O presidente também lembrou que atualmente
os sindicatos são grandes empregadores. “Temos conosco profissionais da
saúde, dentistas, advogados, assessores, enfim, isso também vai gerar graves
consequências na empregabilidade”.
Por
fim, Eusébio P. Neto alerta os empregados em postos de combustíveis para que
não desanimem. “Com toda adversidade nós vamos lutar! O momento é oportuno
para escrevermos nossa história, como protagonistas, com muita determinação
podemos construir um país mais justo. Com o povo vendo e sofrendo a dura
realidade, vai ocorrer uma reação que poderá sim fazer uma transformação
positiva, o governo agindo dessa forma está ‘cutucando a onça com vara curta’,
e terá troco. Eu aposto na organização da classe trabalhadora, da reação da
sociedade brasileira em defesa da sua soberania, da liberdade, em defesa da
vida, para consolidarmos nossa democracia. O chamamento é em defesa da união
para fazermos as verdadeiras transformações desse país. Vamos à Luta!”.
Confira a íntegra da entrevista:
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