DANIEL MAZOLA -
Debatedores em defesa da segurança dos trabalhadores. Para o sindicalista Paulo Pasin, "Não é possível economizar com segurança e vidas" / Fotos: Iluska Lopes. |
O tema mais
abordado foram os constantes acidentes no Metrô carioca. Os presentes relataram
as práticas antissindicais mais comuns no setor, desrespeitos as normas de
segurança do trabalho, mas principalmente denúncias de acidentes e luta por
prevenção. Vale destacar que o Brasil só perde em acidentes de trabalho para a Índia, país com população cinco vezes maior.
A abertura ficou a cargo do advogado Aderson
Bussinger - Diretor do Centro de Documentação e Pesquisa da OAB/RJ, Rita Cortez
- Presidente da Comissão de Direito Sindical da OAB/RJ e Heber Fernandes da
Silva - Presidente do Sindicato dos Metroviários do Estado do Rio de Janeiro – SIMERJ.
Segundo Aderson Bussinger, “para os
patrões, mexer em segurança do trabalho significa mais custos, que são maiores
inclusive que os reajustes reivindicados pela categoria dos metroviários”.
Os
debatedores da segunda mesa foram: Paulo Pasin - Presidente da Federação Nacional dos Ferroviários, Jair
Giangiulio Junior - Advogado do SIMERJ, João Tancredo - Advogado em processos
de acidentes no Metro/RJ, Carolinsk de Marco - Advogada
especializada em segurança do trabalho e membro da Comissão de Direito Sindical
da OAB/RJ, Osvaldo Neves - Advogado, diretor da Sociedade de Engenharia de
Segurança do Estado do Rio de Janeiro e membro da comissão de direito sindical
da OAB/RJ e Jose Arimateia - Pai de Elisângela (ex-funcionária do Metrô) vítima fatal em acidente no Metrô Rio.
Segundo depoimento de um funcionário do Metrô, quando uma pessoa morre
na linha do trem, o corpo é removido de forma irregular, alterando inclusive a
cena dos acontecimentos. Os advogados foram unanimes em afirmar que isso acaba
por gerar fraude processual. Os responsáveis pelo Metrô alegam sempre que a morte foi um suicídio, quem acredita?
O advogado João Tancredo lembrou que esses empresários do Metrô e da
SuperVia são tratados melhor que filhos e netos por nossos governantes, “existe
até um batalhão que cuida apenas da segurança dos trens da SuperVia, absurdo
completo, esses empresários são favorecidos sempre, tarifas altíssimas, ganham
trens de presente, concessões e segurança de graça”. Segundo ele o Metrô
não quer produzir provas contra si e também não quer que as catracas parem, por
isso fazem remoções de corpos irregularmente.
Estiveram presentes sindicalistas e trabalhadores do Metrô de São Paulo. Houve a exibição de um emocionante filme, curta metragem sobre a
memória da luta do Sindicato
dos Metroviários do Estado do Rio de Janeiro (SIMERJ) por condições de segurança no Metrô do Rio, o que gerou comoção entre
os presentes.
Segundo Aderson Bussinger o próximo passo será ampliar o debate pela
segurança do trabalho para outras categorias, “realizando mais eventos e trocando
informações, ampliaremos a luta em defesa de melhores condições de vida para o
trabalhador. Só assim decidiremos qual modelo de segurança queremos para
usuários e trabalhadores”. É importante destacar que os representantes do Metrô Rio foram convidados para o debate, mas não compareceram.