10.6.17

OAB/RJ DEBATEU A LUTA POR SEGURANÇA DO TRABALHO E DOS USUÁRIOS DO SISTEMA METROVIÁRIO

DANIEL MAZOLA -

Debatedores em defesa da segurança dos trabalhadores. Para o sindicalista Paulo Pasin, "Não é possível economizar com segurança e vidas" / Fotos: Iluska Lopes.
O Centro de Documentação e Pesquisa da OAB/RJ e o Sindicato dos Metroviários do Estado do Rio de Janeiro (SIMERJ) realizaram nessa quinta-feira (8) na sede da OAB/RJ, centro do Rio, evento em defesa da luta por segurança do trabalho e dos usuários do sistema metroviário do Rio de Janeiro.

O tema mais abordado foram os constantes acidentes no Metrô carioca. Os presentes relataram as práticas antissindicais mais comuns no setor, desrespeitos as normas de segurança do trabalho, mas principalmente denúncias de acidentes e luta por prevenção. Vale destacar que o Brasil só perde em acidentes de trabalho para a Índia, país com população cinco vezes maior.

A abertura ficou a cargo do advogado Aderson Bussinger - Diretor do Centro de Documentação e Pesquisa da OAB/RJ, Rita Cortez - Presidente da Comissão de Direito Sindical da OAB/RJ e Heber Fernandes da Silva - Presidente do Sindicato dos Metroviários do Estado do Rio de Janeiro – SIMERJ. Segundo Aderson Bussinger, “para os patrões, mexer em segurança do trabalho significa mais custos, que são maiores inclusive que os reajustes reivindicados pela categoria dos metroviários”.

Os debatedores da segunda mesa foram: Paulo Pasin - Presidente da Federação Nacional dos Ferroviários, Jair Giangiulio Junior - Advogado do SIMERJ, João Tancredo - Advogado em processos de acidentes no Metro/RJ, Carolinsk de Marco - Advogada especializada em segurança do trabalho e membro da Comissão de Direito Sindical da OAB/RJ, Osvaldo Neves - Advogado, diretor da Sociedade de Engenharia de Segurança do Estado do Rio de Janeiro e membro da comissão de direito sindical da OAB/RJ e Jose Arimateia - Pai de Elisângela (ex-funcionária do Metrô) vítima fatal em acidente no Metrô Rio.

Segundo depoimento de um funcionário do Metrô, quando uma pessoa morre na linha do trem, o corpo é removido de forma irregular, alterando inclusive a cena dos acontecimentos. Os advogados foram unanimes em afirmar que isso acaba por gerar fraude processual. Os responsáveis pelo Metrô alegam sempre que a morte foi um suicídio, quem acredita?

O advogado João Tancredo lembrou que esses empresários do Metrô e da SuperVia são tratados melhor que filhos e netos por nossos governantes, “existe até um batalhão que cuida apenas da segurança dos trens da SuperVia, absurdo completo, esses empresários são favorecidos sempre, tarifas altíssimas, ganham trens de presente, concessões e segurança de graça”. Segundo ele o Metrô não quer produzir provas contra si e também não quer que as catracas parem, por isso fazem remoções de corpos irregularmente.

Estiveram presentes sindicalistas e trabalhadores do Metrô de São Paulo. Houve a exibição de um emocionante filme, curta metragem sobre a memória da luta do Sindicato dos Metroviários do Estado do Rio de Janeiro (SIMERJ) por condições de segurança no Metrô do Rio, o que gerou comoção entre os presentes.


Segundo Aderson Bussinger o próximo passo será ampliar o debate pela segurança do trabalho para outras categorias, “realizando mais eventos e trocando informações, ampliaremos a luta em defesa de melhores condições de vida para o trabalhador. Só assim decidiremos qual modelo de segurança queremos para usuários e trabalhadores”. É importante destacar que os representantes do Metrô Rio foram convidados para o debate, mas não compareceram.