CARLOS CHAGAS -
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, voltou à lista de possíveis candidatos presidenciais para 2018. Está nas especulações, ainda que se ignore por qual partido. Possivelmente um dos pequenos, ainda que origens partidárias seja o que menos interessa. No caso de aceitar a disputa, seu maior cacife será de sua relação direta com a opinião pública, favorecida pela rejeição do eleitor comum a todo o tipo de políticos profissionais.
Sendo assim, Barbosa começará diante de amplos obstáculos erigidos pela ortodoxia partidária. A menos, é claro, que alguma legenda importante se acople ao sentimento nacional de repúdio à esfrangalhada situação de todos os partidos e aceite ficar de cócoras diante do novo poder.
Será sempre bom atentar para o fato de que se o ex-presidente do STF se apresentar, será para implodir o quadro partidário.
O problema é que mesmo desgastados, os partidos detém as estruturas institucionais. Alguns se disporão a identificar Barbosa como a forma de continuarem no jogo político, candidatos a condôminos de seu hipotético governo. Resta saber se o suposto candidato aceitará essa presença incômoda e prejudicial a uma administração independente e contrária à prática a que nos acostumamos há décadas.
Numa palavra, a primeira necessidade de Barbosa será chegar ao poder rejeitando os partidos, até o que se disporá a apresentá-lo. Uma tarefa difícil, quase impossível, mas a única em condições de livrar o país da influência perniciosa da classe política, razão da maioria de nossas mazelas.
Como comporia, por exemplo, seu ministério? Nem os militares conseguiram, durante a ditadura, livrar-se dos políticos, mesmo os que apoiaram o golpe.
Fica uma dificuldade suplementar: sem partidos e políticos, como governar? Além deles, qual sua base de sustentação, mesmo na certeza do apoio da opinião pública? O Judiciário não adiantaria, dividido como se encontra.