27.11.16

FORA TEMER, SIM!

JOSÉ CARLOS DE ASSIS -
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Fora Temer, sim! Perdi meu tempo nos últimos dois meses e meio tentando convencer meus camaradas progressistas a assimilar o Governo Temer, por pior que ele seja, em nome da legitimidade formal da Presidência e da necessidade de nos prepararmos para as eleições presidenciais de 2018. Inútil. O Governo ilegítimo se revelou também corrupto. Está contaminado pelo fisiologismo mais abjeto, expresso nas figuras patéticas de Eliseu Padilha e Moreira Franco. Portanto, fora Temer, já!

Fora Temer, sim! Esse presidente contorcionista, que embala numa linguagem empolada os propósitos mais abomináveis no que diz respeito aos interesses da República, tem que ser colocado imediatamente para fora do Palácio, a fim de que, desde cima, sejam varridas as cavalariças do rei, e o próprio rei sujo. Na entrevista coletiva concedida excepcionalmente neste domingo, ao lado das figuras patéticas de Renan Calheiros e Rodrigo Maia, Temer gastou boa parte de seu tempo a desqualificar uma gravação que não conseguiu negar.

Fora Temer, sim! Só um governo espúrio poderia armar a pantomima da entrevista coletiva convocada para um domingo oficialmente destinada estabelecer, entre Executivo e Legislativo, um compromisso em relação a algo que, segundo os próprios entrevistados, nunca existiu. De fato, Maia e Renan negaram peremptoriamente o acordo contra a chamada anistia para o caixa dois, numa linguagem que, da parte de Maia, se revelou ininteligível. Entretanto, a essência de seu discurso é que nunca houve acordo. Então, por que a entrevista?

Fora Temer, sim! Que usou a pantomima da entrevista para defender a aprovação pelo Senado da espúria PEC-55, ou PEC da Morte, cujo resultado final, se aprovada, significaria a perpetuação por 20 anos da depressão econômica e do alto desemprego no Brasil, assim como a total degradação do setor público, principalmente de saúde e educação. Tirar Temer imediatamente do poder é varrê-lo, junto com Henrique Meirelles, de uma posição responsável pela continuação da degeneração da economia e do Estado, agora por lei.

Fora Temer, sim! Já é insuportável no país ouvir discursos presidenciais recortados de ideologia barata como a ideia difundida pelos neoliberais, citada por ele, segundo a qual “o governo não pode gastar mais do que arrecada”. Esse mantra associado à economia doméstica, que contraria as necessidades de toda a economia em depressão, só se justifica na boca de um presidente quando ele está encharcado de compromissos para atender os interesses de banqueiros e financistas, que exigem gastos do Estado, mas a seu favor.

Fora Temer, sim! Pois é insuportável um governo que reúne, em seu ministério e a partir da própria Presidência, fenômenos de corrupção e incompetência. A sociedade brasileira não suporta mais uma situação de alto desemprego e de que de renda, já da ordem de 5% num ano, constatada pelo IGBE. É que este Governo não tem nem vontade nem competência para fazer reverter a depressão econômica. Sua preocupação são negócios privados, conforme mostrou Gedel Vieira. E quais seriam os negócios de Moreira Franco e de Padilha?

Diante da inevitabilidade da saída de Temer, por renúncia ou por deposição, e já nos próximos dias, muito provavelmente entraremos na síndrome argentina que, depois de Menem e com a eleição do fraco De La Rua, significou o rodízio de cinco presidentes sucessivos em dez dias. Tendo precedentes podemos fazer melhor. Constitucionalmente, se Temer cair ainda este ano, terão de ser convocadas eleições gerais, no contexto de um descrédito geral das instituições.

Mais do que apenas promover uma eleição cujo resultado venha a ser questionado por falta de legitimidade popular, a saída é o Congresso aprovar uma legislação eleitoral de emergência que resulte de um grande acordo para se eleger um Presidente de credibilidade inequívoca capaz de conduzir o país até as eleições gerais de 2018. Nada de eleição indireta manipulada para fazer Fernando Henrique Cardoso ou Nélson Jobim o presidente de ocasião. Agora, diferente dos tempos da Diretas-Já, é o povo que deve ditar as regras eleitorais.