19.9.16

DE VOLTA AO PASSADO, OS PETROLEIROS VÃO FAZER GREVE EM DEFESA DO BRASIL

EMANUEL CANCELLA -

Desafiamos a operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobrás, a investigar a venda do campo de Carcará do pré-sal, pela administração do Pedro Parente. Consideramos essa entrega de Carcará um negócio espúrio e muito mais valioso e  grave que a compra da refinaria estadunidense de Pasadena.


Foi assim em 1994, quando fizemos a maior greve de nossa história, de 32 dias. FHC, na época, tinha que derrotar os petroleiros da Petrobrás para mostrar a outras categorias de trabalhadores sua força. Isso para implementar, no Brasil, o programa neoliberal de Margaret Thatcher, primeira ministra da Inglaterra. Se FHC vencesse os petroleiros, que categoria de trabalhadores o enfrentaria?

No Reino Unido, Thatcher, a ‘Dama de Ferro’, a greve mais longa do mundo, de mais de um ano, para destruir a categoria mais forte inglesa, os mineiros do carvão. No Brasil, FHC tinha que destruir os petroleiros da Petrobrás para implementar seu plano de venda das estatais e retirada dos direitos dos trabalhadores.

Os petroleiros venceram! Mesmo assim FHC conseguiu quebrar o monopólio do petróleo, mas não conseguiu mudar o nome da empresa para Petrobrax. FHC ainda mandava construir navios e plataformas no estrangeiro, gerando emprego e renda para os gringos.

Na época, e ainda hoje, a mídia apoia as privatizações e a retirada de direitos dos trabalhadores. Tanto que, no governo de FHC, a Globo comparava a Petrobrás a um paquiderme e chamava os petroleiros de marajás, tudo para desmoralizar a empresa.

O sucessor de FHC, Lula, afastou o perigo de privatização da Petrobrás e retomou a indústria naval, destruída por FHC. Lula recompôs o efetivo da empresa, de 33 mil, da era FHC, para 85 mil. Lula fez mais, pois mostrando sua repulsa à política tucana de venda de ativos, recomprou 30% da refinaria do sul (Refap), que FHC havia vendido. Por defender o patrimônio brasileiro e os direitos dos trabalhadores, os golpistas querem barrar a volta de Lula, em 2018, através do voto popular, não permitindo nem que ele concorra as eleições.

Como resposta, os petroleiros e a Petrobrás, em 2006, desenvolveram tecnologia inédita no mundo, que permitiu a descoberta do pré-sal, que já produz mais de um milhão de barris por dia. E mais, só no primeiro trimestre de 2016, a Petrobrás disponibilizou R$ 1.9 BI de royalties, sendo 75% para educação e 25% para a saúde, obedecendo a Lei de Partilha vigente, de Lula e Dilma! Imagine esses investimentos fortalecendo a educação e saúde dos brasileiros? E mais, com o pré-sal, temos reservas que garantem nosso abastecimento, no mínimo, nos próximos 50 anos. Nenhuma empresa no Brasil oferece isso à nação!

Para possibilitar sua entrega (barganha espúria), tentam novamente desmoralizar a Petrobrás, agora usando a campanha contra a corrupção, assim manipulam a sociedade, querendo passar a falsa idéia de que todo petroleiro é corrupto. Os petroleiros querem que todo o corrupto vá para a cadeia, mas que a empresa seja preservada!

Lamentavelmente, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, quer justamente entregar aos gringos nosso pré-sal, ativos da Petrobrás, como a BR a Transpetro, termoelétricas, fabricas de fertilizantes e dutos, que levam os derivados de petróleo para todo o Brasil. Todos sabemos que esse  patrimônio da Petrobrás é estratégico para a soberania brasileira!

Enquanto, no mundo, os países defendem seu petróleo através de guerras, Pedro Parente quer fazer na Petrobrás o que fizeram com a Vale do Rio Doce, a maior mineradora de ferro do mundo, vendida a preço de banana. Lembrando que Pedro Parente foi o ministro do apagão de FHC!

E quem acabou com o apagão e a possibilidade de novos racionamentos de energia foi a Petrobrás, através das termoelétricas, que, aliás, o Pedro quer vender (entregar).

Vamos nos juntar com os metalúrgicos, bancários, eletricitários, etc, numa greve contra o retorno das privatizações, em defesa da soberania nacional e dos direitos de todos os trabalhadores. Vamos nos unir de novo, da mesma forma que tivemos em 1994, com apoio de outras categorias, e dos estudantes e movimentos sociais. Só assim foi possível nossa vitória!

Nenhum direito a menos e contra a privatização de nosso petróleo!

*Emanuel Cancella que é da coordenação do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).