EMANUEL CANCELLA -
Bem no início, eu acreditava que a ideologia era o foco do juiz Sérgio Moro! Entretanto, no decorrer da operação foi ficando transparente que seus interesses nada tinham a ver com moralidade, o que ele quer é poder, e fortalecer seus negócios. Essa certeza absoluta ficou concretizada quando a operação lava Jato começou a ficar com 10% dos acordos de leniência nos negócios de corrupção na Petrobrás, ou seja, em Curitiba, Moro. Como pode um juiz de primeira instância contrariar decisão do ministro do STF, Teori Zavascki (1) que proibiu essa cobrança imoral?
Já no mensalão, começamos a ficar desconfiados, quando lá, Moro, como assistente da ministra Rosa weber, e Joaquim Barbosa, como chefe, julgaram e prenderam vários parlamentares, a maioria do PT, e nem sequer julgaram o mensalão tucano, que está prescrevendo sem julgamento.
Essa blindagem aos tucanos é de graça? Na Lava Jato, juiz Moro não aceitou investigar o governo de FHC, várias vezes delatado na Operação. E o filho de FHC, também citado em propina na Petrobrás, em delação premiada (6), e Moro nada faz. Nem mesmo com o próprio FHC reconhecendo em livro, Diários da Presidência, que havia corrupção na Petrobrás, em seu governo.
Além disso, vários senadores do PSDB foram citados em delação e nenhum preso, nem investigado! Foi o Antonio Anastasia, Aloysio Nunes, Aécio Neves, este várias vezes.
Foi aí que me lembrei da denúncia de que a esposa do juiz Moro, a advogada Rosangela Moro, trabalha para o PSDB e para empresas estrangeiras de petróleo. A blindagem dos tucanos faz parte do contrato entre a esposa do juiz e o PSDB (3)?
E a privatização da Petrobrás, que avança a passos largos no governo golpista de Michel Temer, tem como principal algoz a Lava Jato. Se a privatização da Petrobrás acontecer quem lucra principalmente são as multis de petróleo e a esposa de Moro representa algumas delas (2). Pode isso? Um juiz arrebenta a empresa e a esposa dele recebe os dividendos?
Não podemos esquecer que o juiz Moro chamou os procuradores estadunidenses para investigar a Petrobrás e teve como reconhecimento prêmio do governo dos EUA e destaque nas suas principais revistas Fortune e Time. Eles legalizaram a espionagem!
Com certeza, se o Juiz Moro mandasse os procuradores brasileiros investigar a Chevron, petroleira estadunidense, não ia ter o aval de Washington. Mas existe a denúncia grave do Wikleaks, através de intercepção de correspondência que o tucano José Serra, que prometeu quando candidato derrotado nas eleições presidências de 2009, favores a Chevron em prejuízo da Petrobrás (4).
E os vazamentos seletivos para a Globo e para o banqueiro André Esteves também eram de graça? Como pode uma operação vazar tanto e nada acontecer?
E quando chega a denúncia de que a esposa de Moro está envolvida nos escândalos que deram rombo de bilhões de reais no estado do Paraná, conhecido como a ‘Industria das Falências’, clareou(5):
A família Moro não têm como foco a ideologia, mas sim os negócios.
Fonte:
*Emanuel Cancella é petroleiro, coordenador-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Sindipetro-RJ.