31.7.16

À BEIRA DO ABISMO

CARLOS CHAGAS -


O conluio entre Lula e família e as grandes empreiteiras acaba de desaguar na transformação do ex-presidente da República em réu de crimes capazes de levá-lo à prisão, tanto quanto a quadrilha por tanto tempo acostumada às suas benesses e falcatruas. Se acontecer, junto com o necessário afastamento definitivo de Dilma Rousseff,  nem por  isso estará o país livre da rachadura. Mesmo com o PT posto em frangalhos, a divisão entre as elites  e as massas tornará as ruas e as consciências  intransitáveis.

Batalhas  entre o Brasil formal e o Brasil real visam  impedir  opções e espaço para a conciliação.  Isso, só depois da explosão, de resultados imprevisíveis.  Raras vezes tem-se verificado dicotomia tão profunda em nossa História,  recaindo a responsabilidade  pelo embate na avidez das  lideranças das duas porções em choque. Perderão ambas, mas o que resultará do mútuo  esgotamento das partes?

Tempo ainda há, muito curto, para evitar o pior. Antecipar as eleições gerais para breve pode constituir-se em  solução, ainda que tanto as elites quanto as massas apresentem suas soluções inconciliáveis. Imaginar a terceira alternativa sempre será possível, ainda que geralmente ilusória. O  radicalismo de um lado e de outro obstará  a conciliação, deixando mínimo espaço para desenvolver-se. Como se trata da derradeira oportunidade de evitar o caos, quem sabe?

Não é hora de fulanizar, porque mesmo disfarçados,  os grupos em choque serão facilmente identificáveis. À beira do abismo, porém, tudo é possível para evitar a  queda.