1.5.16

PRIMEIRA GRANDE CONTRARIEDADE DE TEMER: O FALATÓRIO E AS ENTREVISTAS DO "JÁ" MINISTRO DA FAZENDA

HELIO FERNANDES -


Na quinta feira, noticiei com exclusividade: Temer, contrariado com o exibicionismo de Henrique Meirelles, queria conversar com ele. Verificou a agenda, pediu a Moreira Franco para chamá-lo ao Jaburu na terça feira. Como tem poucas certezas, Temer em poucas horas mudou de idéia, disse a Moreira: "È melhor amanhã, terça é longe, vem sábado e domingo". Temer, que finge paciência, não tem nenhuma. Houve o encontro, não hostil, mas também não desejavelmente agradável ou excessivamente amistoso.

Sem aparentar o tom de critica, mas visivelmente sendo, pediu: "Gostaria que você não desse entrevistas como Ministro já convidado, seguisse a minha rotina de só falar no condicional". Como bom carreirista na ultima oportunidade da vida, concordou, pediu desculpas. Conversaram mais um pouco, Meirelles saiu. Temer falou aparecendo na televisão  que ele adora: "Vou cortar o cabelo". Futilidade. Normal nele.

A poucos metros do Jaburu, esquecendo tudo que Temer recomendara, Meirelles deu entrevista coletiva. Profunda. Minuciosa. Elucidativa. Falou sobre "a diferença entre macroeconomia e microeconomia", "ensinou" que a primeira é importantíssima, depois é que "trataremos do resto" Continuou por mais uns 20 minutos, tratou da relevância da infra-estrutura, sumarizou em “rodovias, ferrovias, portos e aeroportos". Cansado,suando,esbaforido, lembrou da recomendação de Temer, terminou: "Não sou Ministro nem fui convidado".

O Ministério quem - quem

Na formação do que seria o seu ultimo Ministério, Dom Pedro II, que era mais Republicano do que Deodoro e Floriano, em 1886 pediu ao Visconde de Ouro Preto (Primeiro Ministro) para convidar Rui Barbosa para Ministro da Justiça. Rui não aceitou, estava envolvido com a Proclamação da Republica, da qual seria Ministro da Fazenda.

Com essa recusa, Dom Pedro teve que formar o Ministério com desconhecidos. Teve a gentileza de mandar comunicar os nomes ao Marechal Duque de Caxias. Muito velho e sem ouvir nada, a cada nome citado, perguntava, quem, quem, quem. O Ministério foi publicado nos jornais assim. (Inclusive no "A Republica", fundado e dirigido pelo notável Saldanha Marinho).

 O governo interino de Temer corre o risco de "ganhar" a mesma denominação, por causa de nomes desconhecidos ou conhecidos demais. Muitos. Inumes. Insaciáveis. E até da intimidade. O senador Jucá, ligadíssimo a  Renan, inesperadamente surge como amicíssimo do vice,quase presidente interino. È indicado para tudo. Presidente do PMDB. Comandante em chefe do desembarque do governo. Ministro do Planejamento. Não importa que esteja citado na Lava-Jato. O próprio Temer também é. Alem de delatado pelo rumoroso Delcídio. Na sexta feira, Romero Jucá recebeu mais uma comenda não encomendada: outra investigação do Supremo. Com todo seu passado tem foro privilegiado.
  
O ministério que ia ser reduzido, vai aumentando, apesar de capengando

Os nomes vão surgindo, ninguém sabe de onde. O objetivo, claríssimo: tentar chegar 
pelo menos aos 367 deputados que votaram a favor do impeachment. Estão muito longe, e não se aproximarão, transformando suplentes em Ministros. Dois desses, muito citados, até mesmo com indicação das pastas. Roberto Freire, segundo suplente, para assumir, operação complicada. Deve ir para a Educação a "Pátria educadora". Está longe do remediável, mas para substituir, Mercadante, até um ex-comunista serve.


Outro suplente favorito: Raul Jungman, lembrado para o Ministério da Defesa. É suplente de varias eleições. 48 horas antes da votação do impeachment, estava em exercício, o efetivo assumiu. Lamentou publicamente: "Ia bater o pênalti da vitoria, fui substituído". Agora pode entrar em campo pelo Ministério da Defesa. Como foi de uma Comissão militar, dizem que tem bom transito. Não precisa. Até um deputado do PC do B foi Ministro da Defesa. Para esse ministério que não encolhe, podem somar de 6 a 8, dos partidos sem idéias ou convicções. PTB, PR, PSD, PP, PRB.