MIRANDA SÁ -
“Quem precisa perguntar o que é o jazz nunca o saberá”. (Louis Armstrong)
Quando os defensores de Dilma – e consequentemente cúmplices da corrupção – depunham no Senado, eu lia “Situação Humana”, uma seleta de conferências de Aldous Huxley, e escutava Pink Floyd. A mulher e o filho caçula se revoltaram com a minha falta de curiosidade sobre as intervenções governistas.
– “Como pode um jornalista não cuidar de conhecer a realidade?”. Não respondi à pergunta impertinente; deixei para fazê-lo através deste artigo. Primeiro, desliguei a TV por que estou farto da enrolação dos sabujos de Lula e do seu mais perfeito modelo de mau-caratismo, a presidente Dilma.
Sei que alguns dos leitores destes artigos vão me repreender pelo uso do “mau-caratismo”; mas é uma forma de expressão: Sei que Lula é amoral, cínico, desonesto, personificação criminal da política brasileira, e que tudo faz parte do seu caráter…
É melhor me ilustrar lendo Huxley, do que assistindo a conversa fiada do despreparado e incompetente Nelson Barbosa, que está ministro para que a pasta da Fazenda não fique sem titular; do que acompanhar a pérfida hipocrisia de Kátia Abreu; e de que ouvir o blábláblá bajulador e sem idoneidade de José Eduardo Cardozo.
Quanto a Pink Floyd, confesso-lhes tratar-se da minha máquina do tempo. Para não ir muito longe, a primeira mesada que ganhei do meu pai, com uns 11 ou 12 anos, comprei um disco (acho que da PolyGram) do pianista francês Serge Gainsbourg interpretando jazz; mais tarde os excepcionais rapazes da banda inglesa me fizeram gostar do indispensável e trivial feijão com arroz que é mistura de jazz e rock.
Como manifestação musical que veio para ficar, o Jazz nasceu nos EUA, mais propriamente em Nova Orleans, originando-se das ‘work songs’, baladas cantadas pelos escravos no trabalho rural; essa musicalidade do ‘negro spiritual’ foi adaptada à letra de salmos e levada para os templos protestantes.
O Jazz nasceu da metade do século 19 para o início do século 20, segundo estudiosos, pela adaptação da melodia cantada para o ritmo das bandas marciais e o uso radical dos metais, palhetas e percussão, do mesmo jeito como surgiu o frevo pernambucano.
A palavra “jazz” tem origem e significado incertos; é uma gíria norte-americana, como “swing” e outras versões para incorporação do ritmo. É preciso senti-lo para compreendê-lo como sugere Armstrong.
Conforme pesquisadores, o jazz não era reconhecido como gênero musical até por volta de 1915, adaptando-se aos instrumentos disponíveis, agregando aos flautins, trompetes, saxofones e trombones a pianola e os instrumentos de corda, como a guitarra. O músico Earl Hines, nascido em 1903 e tornado um dos ícones do jazz, evocou sua magia dizendo que estava “tocando-o ao piano antes mesmo do nome ‘jazz’ ser inventado”.
Será gastar espaço e a paciência do leitor historiar divulgação mundial deste estilo e explicar sua enorme variação melódica, harmônica e rítmica. Na Europa a audiência do jazz e do rock é ampla e os aficionados seletos. Na Alemanha, em Colônia, às margens do Reno há mais de 50 bares dedicados a esse estilo musical. Aqui temos uma constelação de seguidores de primeira grandeza.
Dito isto, quem não me dará razão de fugir com Huxley e Pink Floyd da algazarra baderneira dos cinco gatos pingados do PT e satélites armando confusão no Senado por falta de argumentos? Só consegui aguentá-los para ouvir os professores Miguel Reale Jr. e Janaína Pascoal.
Estes dois, expoentes do Direito, lentes da famosa escola do Largo de São Francisco em Sampa, esclareceram e esgotaram os contra-argumentos à denúncia contra Dilma, principalmente envolvendo-a nas investigações da Lava Jato.
Não estão dissociados da relação de Dilma com os esquemas de corrupção no País as pedaladas fiscais, o atropelamento do Congresso nas fraudes bancárias e manobras contábeis, e a incompetência em gerir a coisa pública. Estes malefícios formam um conjunto que se complementa, explica e justifica o impeachment.