ALCYR CAVALCANTI -
A Praia de São Conrado uma das mais belas da cidade e única área de lazer para mais de 150 mil moradores do Bairro de São Conrado e da Favela da Rocinha, além de milhares de turistas que se hospedam em um hotel cinco estrelas, estão revoltados com o descaso das autoridades após a destruição da Ciclovia Tim Mais, da rampa de acesso, do calçadão em São Conrado, e da intensa poluição pelo despejo de milhões de dejetos que ameaça a saúde dos banhistas.
Há muitos e muitos anos moradores de um dos bairros de maior poder aquisitivo e maior IPTU e da maior favela da cidade se uniram em uma série de protestos pela despoluição da praia e tratamento de esgotos. Pouco ou nada foi feito. O recolhimento de lixo é pouco eficiente e as obras no Valão não surtiram nenhum efeito. A Ciclovia Tim Maia que conforme o poeta iria do Leme ao Pontal desabou pela força do mar, e principalmente pela imprevidência e irresponsabilidade dos executores da obra, que segundo especialistas foi muito mal executada. Até agora dois corpos foram encontrados e não foi apresentada à população uma explicação que venha a convencer, nem se chegou a uma conclusão se a obra em seu todo é segura ou deve ser demolida, jogando pelo esgoto milhões de reais, do meu, do nosso dinheiro.
O afundamento da rampa de acesso da Praia de São Conrado já aconteceu mais de uma vez e coloca sob risco milhares de pessoas que utilizam a belíssima praia como diversão após dias de trabalho. Os quiosques que restaram estão vazios, com temor que o calçadão também afunde atingido pelas ondas de um mar revolto.
Fui até a Rocinha verificar como está o ânimo dos moradores em relação às obras prometidas pelos sucessivos programas de melhorias na localidade. A opinião é quase unânime, das promessas exaustivamente feitas pelos governantes nos Programas de Aceleração do Crescimento-PAC, pouca coisa feita, a maioria não saiu do papel, embora milhões de reais tenham sido liberados e misteriosamente desapareceram. A urbanização do Largo dos Boiadeiro não foi feita, a construção de um teleférico foi descartada pela construção de um plano inclinado na área conhecida como "Roupa Suja" que está paralisada. A situação faz lembrar as obras na Rua do Canal onde o dinheiro sumiu e o canal ficou conhecido como "Valão de Ouro", onde enorme quantia foi pelo esgoto, para o bolso de alguns espertalhões. A cultura do descrédito predomina entre os moradores que não vislumbram nenhuma esperança em dias melhores nos próximos meses. Muitos moradores procuram espantar as tristezas e fazer uma fezinha, para conseguir pelo menos o dinheiro do final de semana, ou quem sabe acertar o milhar da sorte, que poderia melhorar um pouco a situação de penúria. Para os apostadores o jogo do bicho é uma das poucas coisas sérias, onde ainda "Vale o Que está Escrito".