6.5.16

ESTUDANTES SECUNDARISTAS OCUPAM SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO RIO PARA EXIGIR NEGOCIAÇÃO [VÍDEO]

ROGER MCNAUGHT -


A tarde desta quinta-feira foi marcada por mais um ultimato dos estudantes secundaristas da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro à SEEDUC, a secretaria de educação do estado.

Estudantes de diversas escolas ocupadas, algumas há mais de 40 dias, se dirigiram à sede da SEEDUC no bairro do Santo Cristo, e ocuparam a sede exigindo que as tão faladas negociações de fato ocorressem.   Não é novidade que o secretário de educação à todo momento alardeia na imprensa que deseja negociar, e por conta disso os estudantes foram dar a ele esta chance.

Ao adentrarem o local, os estudantes se depararam com servidores que imediatamente trancaram o local, e uma assessoria despreparada para a negociação.  Quando a ocupação foi declarada estabelecida e a imprensa começava a se aglutinar em frente à SEEDUC, aí sim um dos assessores se reuniu com um grupo de estudantes, afim de encontrar uma forma de mediar uma futura reunião com o secretário de educação desde que a ocupação fosse imediatamente dissolvida.

Enquanto isso, policiais militares chegavam e se acumulavam em frente ao edifício, causando tensão desnecessária ao ambiente – já em avançadas negociações.   O que não era esperado infelizmente aconteceu e uma operação da Polícia Militar em uma comunidade próxima deflagrou um intenso tiroteio que perduraria por horas, causando pânico a todos os presentes: policiais, imprensa, estudantes e servidores públicos.

Após deliberação dos estudantes e termo de compromisso de uma reunião com o secretário, o movimento de ocupação realizou uma assembleia para deliberar os rumos da ocupação no prédio, porém no mesmo instante, servidores e assessores em outra parte da secretaria falavam abertamente próximo à imprensa que “não se responsabilizariam pelo que pudesse ocorrer com os estudantes se permanecessem no local” diante da operação e do intenso tiroteio, o que de certa forma soou como uma ameaça velada ao movimento de ocupação.

Alguns grupos ligados a partidos políticos ( a minoria dentre estudantes ) tentou por inúmeras vezes implodir as assembleias e plenárias da ocupação, causando mal-estar e evitando que decisões táticas imprescindíveis fossem adotadas – o panorama era claro, se portavam como sabotadores.

Mesmo com toda a algazarra proporcionada pelo governo do estado com negociadores incapazes, uma operação policial próxima com efeitos desastrosos, tensão desnecessária e comentários ameaçadores, o movimento de ocupação se manteve coeso, finalizando seu movimento de ocupação saindo da secretaria em ato, com palavras de ordem e mantendo firme o objetivo de abrir negociações para corrigir as mazelas do sistema educacional da forma que se fizer necessária.

Vale ressaltar que todo o processo de ocupação foi acompanhado de perto por um grupo de advogados que, agindo como indivíduos, se reuniram para resguardar as liberdades e direitos constitucionais dos estudantes e de todos os presentes – mesmo não havendo representação formal de qualquer órgão da OAB ou similar.

O movimento das ocupações estudantis está a cada dia mostrando de forma contundente a incapacidade do governo do estado em gerir as mais simples situações de forma madura e política.  Tal desgoverno em lidar com as demandas populares só ressalta a falta de respeito e a falta de cuidado para com qualquer cidadão, e devemos agradecer e muito aos estudantes por evidenciarem essa situação que já se configurou como uma mazela estrutural no atual sistema governamental brasileiro.